Maior potência desportiva nacional!

Ao terminar esta época, não podia deixar de recordar João Rocha, pelas conquistas que tiveram lugar no pavilhão com o seu nome

E RA assim que João Rocha se referia ao Sporting Clube de Portugal, quer fosse em discurso público, quer em conversa privada, designadamente, comigo.
Fazia esta afirmação com convicção e com o orgulho próprio de quem tinha a consciência de que também contribuíra para isso. Muitos associados, nos quais me incluo, dizem que contribuiu e muito para o ecletismo do Sporting Clube de Portugal e para o sucesso que as modalidades tiveram e têm tido no clube.
A época desportiva de 2020/2021 terminará exatamente na véspera deste grandioso clube completar 115 anos - uma história de sucesso difícil de igualar!
Como todos sabem pertenço a grupo de associados conhecido em Portugal e no universo leonino - o Grupo Stromp!
Este Grupo, que alguém disse um dia constituir uma reserva moral do clube - e tão importantes são as reservas morais nos tempos que correm - foi fundado em 18 de Dezembro do ano de 1962, que foi um também um ano de glória desportiva para o Sporting Clube de Portugal.
O patrono do Grupo, Francisco Stromp, nascido a 21 de Maio de 1892 e falecido a 1 de Julho de 1930, com 38 anos de idade, e no dia em que o Sporting celebrava o seu 24º aniversário, foi ele próprio um símbolo do ecletismo do Sporting, tendo sido praticante de futebol, atletismo, ténis e críquete.
É na sequência desse espírito eclético de sucesso que o Grupo Stromp tem por missão promover iniciativas que possam contribuir para o prestígio e grandeza do Sporting e, entre essas, distinguir anualmente os melhores de entre os melhores da família leonina, o que vem acontecendo desde 1963 com os Prémios Stromp, isto é, há 58 anos. Este ano de extraordinário sucesso desportivo confirma que a maior potência desportiva nacional não se ficou por um mero projecto ou retórica mas se continua a afirmar através de dirigentes, técnicos e atletas que com esforço, dedicação e devoção fazem a glória do Sporting Clube de Portugal!
Por tudo isto, em vésperas de mais um aniversário desta instituição de que Portugal se deve orgulhar, lembrei-me de trazer à memória de quem viveu e ao conhecimento dos que ainda não eram nascidos ou eram muito jovens uma grande acção promovida pelo Grupo em 1981, por ocasião do 75º aniversário do Sporting Clube de Portugal - Troféu Francisco Stromp!
Foi patrocinador exatamente este jornal, onde tenho o privilégio de escrever de há uns anos a esta parte, e, portanto, não deixa de ser uma obrigação minha recordar aqui esse tempo histórico de ligação entre o Grupo Stromp e o jornal A BOLA, e que muito se ficou a dever a esse grande jornalista Vítor Santos, que muitas vezes nos deu a honra de participar nos nossos jantares anuais de entrega dos Prémios Stromp.
Esse troféu, que constitui uma valiosa obra de arte, em prata e ouro, com incrustações de pedras preciosas, foi instituído para ser atribuído com base nas classificações gerais dos campeonatos nacionais seniores, masculinos e femininos, de todas as modalidades desportivas, praticadas no nosso País, e destinava-se a ser entregue ao clube que, no somatório da pontuação obtida no conjunto de todas as modalidades, obtivesse o maior número de pontos.
 

Era assim, com o título desta crónica, que João Rocha se referia ao Sporting

O Sporting Clube de Portugal foi o vencedor da competição, o que mereceu a qualificação do clube mais eclético do País, na medida em que ficou à frente em 12 das 19 modalidades a concurso, tendo totalizado 416,5 pontos contra 291 do Benfica e 202 do FC Porto, respectivamente, 2º e 3º classificados!
Eu tinha um ano de dirigente do Sporting Clube de Portugal e ficava demonstrada a afirmação convicta e orgulhosa de João Rocha de que o Sporting Clube de Portugal era a maior potência desportiva nacional, quando me convidou para vice-presidente em 1980, e justificado o motivo pelo qual o meu Pai me incitou a aceitar o convite: ser vice-presidente do Sporting é mais importante que ser ministro. João Rocha nunca esqueceu esta afirmação e repetia-a como complemento da sua convicção.
Aliás, é sabido que João Rocha apostou muito nas modalidades - e eu já escrevi aqui sobre isso - porque ele antevia que o Sporting iria ter dificuldades para retomar a sua hegemonia no futebol e, por isso, o seu desenvolvimento como grande clube nacional e europeu, conforme o desígnio dos seus fundadores, teria de passar também pelas modalidades!
E foi assim que, mesmo na ausência de estruturas adequadas durante muitos anos, só superada pela grande qualidade, esforço, dedicação e devoção de milhares de dirigentes, técnicos e atletas de elite e porte moral inigualável, se conseguiram medalhas e troféus nacionais e internacionais, ao longo de muitas épocas.
Ao terminar esta época de 2020/2021, não podia deixar de recordar João Rocha, pelas conquistas que tiveram lugar no pavilhão que muito justamente tem o seu nome por vontade dos associados que nunca o irão esquecer.
Foi uma época extraordinária, onde o futebol este ano também quis participar, com a conquista do Campeonato Nacional que há tanto tempo estava ausente da galeria dos campeões. Na falta de um troféu como há quarenta anos, lanço um desafio a este jornal e a alguns sportinguistas habilitados, a agarrar no regulamento de então e aplicá-lo à época de 2020/2021.
E se lhe acrescentarmos os atletas individuais, com as suas medalhas de conquistas europeias e mundiais, e as conquistas colectivas também na Europa, e somarmos, em tempo de Campeonato da Europa de futebol, a memória de 2016, onde dez jogadores foram formados no clube, que também formou duas Bolas de Ouro e uma de Prata, não podem restar dúvidas de que se trata da maior potência desportiva nacional e um grande clube europeu, tal como o Visconde Alvalade sonhou e as gerações que se seguiram construíram.
O Grupo Stromp no final do ano vai ter uma tarefa gostosamente difícil, porque não é fácil fazer justiça com tantos campeões. Mas vamos fazê-lo com orgulho e alma cheia.
Há 115 anos foi iniciado um caminho de sucesso. A partir do próximo dia 1 de Julho só temos de ter um objectivo: continuar a ser a maior potência desportiva nacional!