Longe dos melhores clubes europeus
Numa temporada em que o Benfica foi afastado da Champions pelo PAOK e o Sporting falhou a Liga Europa às mãos do Lask Linz (um e outro longe de pertencerem à elite do Velho Continente), nem o quase-brilharete do Rio Ave afasta a ideia de que a competitividade internacional dos nossos emblemas está em processo de dissolução. E se recordarmos que em 2019/2020 foi o Krasnodar a eliminar o FC Porto da Liga Milionária e que nenhuma equipa portuguesa atingiu sequer os oitavos de final da Liga Europa, esta convicção aprofunda-se. Em tempo de vacas magras, o FC Porto deixou sair Danilo, Alex Telles, Zé Luís e Soares, o Sporting abriu mão de Acuña e Wendel, e mesmo o Benfica, que parecia mais folgado, teve de separar-se dos alegadamente intocáveis Rúben Dias e Vinícius.
Longe de mim censurar medidas que tenham por objetivo manter as contas no verde. Mas - e são os resultados a falar - a pujança internacional que levou à final de Dublin entre FC Porto e SC Braga e às finais benfiquistas de Amesterdão e Turim, parece desvanecida. Por onde anda o Sporting que há poucos anos calou o Bernabéu, o FC Porto de James, Hulk e Falcao, ou o Benfica que inundava a Europa de um futebol de ataque?
O Rio Ave teve 120 minutos para entrar na lenda e falhou. Apesar de um futebol desinibido e moderno, que chegou a vulgarizar o todo-poderoso Milan, os vila-condenses abusaram do desperdício - falhando três match-points no desempate desde os onze metros e oferecendo um penálti absurdo no derradeiro segundo do prolongamento - e acabaram em lágrimas, a lamentar a desdita. Poder-se-á dizer que estamos perante um clube que dá os primeiros passos na alta roda europeia e que terá aprendido com a experiência. Não creio. Neste caso, o trauma deverá sobrepor-se aos eventuais benefícios. Um jogo destes é para reviver centenas de vezes, sempre em regime de filme de terror com final tétrico.
Nem imagino a desilusão da nação do Rio Ave, apenas posso extrapolá-la pela tristeza que as cores unidas de Portugal sentiram pela injusta eliminação dos vilacondenses. Foram quase e mereciam ser mais do que isso. Faltou-lhes um bocadinho, entre bolas nos ferros rossoneri, alguma tremedeira e a sorte de costas viradas.