Jorge Jesus: o fim anunciado

Opinião Jorge Jesus: o fim anunciado

OPINIÃO28.12.202117:16

Ponto final para Jorge Jesus no Benfica. Alguém imaginava que pudesse ter sido diferente depois de tudo aquilo a que se assistiu na época passada e nesta, em particular nos últimos dias? É óbvio que não. Jorge Jesus, o homem certo em 2009, foi o homem errado em 2020, com o «Carrega Benfica» (sobre os adversários) da primeira passagem a dar lugar ao ‘Carrega Jesus’ (sobre as costas do Benfica) da segunda.

«O hoje é sempre mais importante do que o amanhã, já dizia Gandhi», citou Jorge Jesus antes do dérbi com o Sporting (1-3), na Luz, que começou a marcar a sua despedida. Pois bem, disse também Gandhi: «Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova.» Foi esse o erro de JJ ao regressar ao Benfica, achou que tudo estava igual e que tudo seria igual (ou melhor), mas não. A começar pela relação com os adeptos, desgastada e ferida de morte, apenas suportável com recurso aos mais fortes analgésicos (vitórias e futebol atrativo). Pelo caminho ‘perdeu’ Luís Filipe Vieira e, aparentemente, nunca ‘ganhou’ os jogadores. Prova disso a forma como agora se colocaram ao lado de Pizzi. O que restava de Jesus no Benfica acabou ali.

Sim, houve alguns jogos do percurso em que o Benfica andou a «gasolina super», para citar Jesus, mas na maior parte do tempo, apesar das milionárias baterias, pareceu um veículo elétrico descarregado. Até naquilo que fez de maior (chegar aos oitavos da Champions), Jesus conseguiu ser ‘pequeno’ nas palavras ao afirmar que o grande objetivo do Benfica na prova tinha sido passar à fase de grupos da prova. O discurso foi sempre um dos seus graves problemas e desta vez o contexto não aparou nem abafou essas limitações.

E agora? Lembro-me de uma frase de Rui Costa quando ainda era candidato à presidência do Benfica: «Temos de ser ambiciosos, não temos de ser pavões.» Um bom ponto de partida para a escolha do novo treinador. E atenção: os males do Benfica não acabam com a saída de Jorge Jesus, longe disso. Só começam a ser resolvidos.

* Editor