Jogos Olímpicos

OPINIÃO25.07.202107:05

O entusiasmo da nossa delegação na cerimónia de abertura é motivante. E tenho mesmo fé de escutar o Hino de Portugal no Japão

Após um ano de espera, os Jogos Olímpicos de Tóquio aí estão. Sempre com o lema: «Mais rápido , mais alto, mais forte»! Jogos de 2020 em 2021. Jogos adiados em razão de uma pandemia que nos condiciona e limita, nos angustia e desespera. No passado fim de semana em Alfândega da Fé, escutando as palavras de uma profundidade perturbante de D.  José Cordeiro, Bispo de Bragança-Miranda - registem este nome! -, e a cativante simpatia e o extraordinário acolhimento do Padre Manuel Ribeiro, recordei como três árvores significam simbolicamente a luz, a vida e o pão:  e são, respetivamente, a oliveira, a amendoeira e o castanheiro. E olhando, e acompanhando a singular, perturbante mas inspiradora cerimónia de abertura destes despidos de público Jogos de Tóquio, e para a bandeira olímpica e os seus cinco representados continentes, recordo a minha presença, nunca esquecida, nos Jogos da XXV Olimpíada, os Jogos de Barcelona que se iniciaram em 25 de Julho de 1992, há precisamente 29 anos! E com o momento inesquecível de Montserrat Caballé e outros fantásticos  cantores de ópera a deslumbrarem-nos na cerimónia de abertura. Os Jogos sempre foram um momento de comunhão entre a cidade que os acolhe e os peregrinos dos Jogos que a visitam. E nestes Jogos não há, por razões sanitárias, peregrinos! E tendo sempre os atletas como a expressão da representação e o sonho da consagração.  Procurando, então, ali na Catalunha, as competições dos nossos atletas e, recordo, com a tristeza de não aplaudirmos qualquer  medalha!  Acredito que de Tóquio o nosso Comité Olímpico, e o seu dedicado e competente presidente, José Manuel  Constantino, nos proporcionará, como assumido, dois lugares no pódio , doze diplomas e 26 posições entre os 16 primeiros classificados. O entusiasmo evidenciado na cerimónia de abertura pela nossa delegação é motivante. Não tenho dúvidas da excelência, do empenho e da dedicação de todas e de todos eles. E tenho mesmo fé de escutar, mesmo com oito horas de diferença, e mesmo que seja de madrugada, o Hino de Portugal em terras nipónicas. Bons Jogos de Tóquio!

Estes são os Jogos em que quatro modalidades fazem a sua estreia olímpica: a escalada , o karaté , o surf e o skate . O meu querido neto Alexandre Maria é já um talento no skate e está a descobrir o surf . Sabendo todos que nos Jogos de Barcelona o hóquei em patins teve uma oportunidade que desperdiçou e que muitos e muitas que não tiveram acesso a Tóquio começarão desde já a olhar para Paris (2024) , Los Angeles ( 2028)  e, como acaba de ser decidido, e na rotação de continentes, para Brisbane, na Austrália (2032). E com a delegação portuguesa, agora reduzida a 91 atletas,  a competir em Tóquio, e em outras localidades - como para o surf ou a vela -,  em 17 modalidades , procurando conquistar uma das cinco mil medalhas que serão atribuídas nestes Jogos de Tóquio 2020, em 2021!  Sabendo que a síria Hend Zaza é a desportista mais jovem destes Jogos: 12 anos, 6 meses e 23 dias. E a mais idosa, a luxemburguesa, nascida em Xangai, Ni Xialian, com 58 anos! Uma diferença de quarenta e seis anos! Mas não esquecendo que o mais jovem de sempre, segundo registo da história olímpica,  foi o ginasta grego Dimitrios Loundras, que participou nos Jogos de 1896, em Atenas, com 10 anos e 218 dias! O sortilégio de cada edição dos Jogos!

A delegação portuguesa a desfilar durante a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos

 

Hoje Benfica, Sporting  e Futebol Clube do Porto realizam, contra três equipas francesas - Marselha, Lyon e Lille -, jogos de preparação. O Futebol Clube do Porto ainda defrontará a Roma e o Lyon, e  Sporting e Sporting de Braga - que ontem defrontou o Paços de Ferreira - disputam a Supertaça Cândido de Oliveira no próximo sábado. Mas, para além  da relevante vitória do Santa Clara na sua estreia europeia, o que já vivemos este fim de semana - e desde a passada sexta feira - são os jogos da primeira fase da Allianz Cup, da Taça da Liga, e já com a participação de emblemas da primeira Liga  como é o caso, neste domingo, e por exemplo, dos jogos , estes já com público, entre Nacional e Estoril e Marítimo face ao Boavista. O futebol aí está. Com as suas paixões mas sem a certeza, por ora, das condições e suas percentagens,   do regresso  do público aos estádios . Com a consciência, aqui, que se no desporto já temos, com as suas especificidades e contingências, e desde 2013, e para controlo do doping, o passaporte biológico, vamos ter, acredito, a partir de agosto de 2021, o certificado digital Covid para acesso a restaurantes, bares, discotecas e…  estádios, pavilhões e complexos desportivos. Novos requisitos desta pandemia que nos mostra os primeiros Jogos Olímpicos sem calor humano. E com a cidade anfitriã, ao que se lê e vê, bem afastada dos… Jogos que acolheu!

O Benfica vive momentos bem interessantes. Um investidor, ajudado por conhecedores do Benfica, sejam sócios ou simpatizantes, profissionais assumidos ou intermediários agora conhecidos, faz subir  as ações - com máximos de 17 meses! -, motiva alianças e estimula a agenda mediática. Ao mesmo tempo, Rui Costa e Jorge Jesus, e bem, reforçam o meio-campo, inequivocamente o espaço que falhou na última época. Entre a voz e o assumido interesse de John Textor, e dos seus  aliados naturais,  e, também, dos que a ele, e à sua estratégia, agora se juntam, e as cirúrgicas contratações de João Mário e de Meité, fica a certeza que grande parte do futuro próximo do Benfica se decide nas próximas semanas. A entrada, por todos (?) desejada na fase de grupos da Liga dos Campeões é fundamental para que o Benfica não seja tomado por uma mensagem, qualquer que seja a língua, de novos Sebastiões, nunca dons, ou , em rigor, de salvadores e,  com eles a defesa da perda da maioria da SAD por parte do clube, sob a promessa de um chorudo regresso europeu. Os sinais, que os há, já aí estão. Sinais que não ecoam, acredito,  da Samoa, terras do Novíssimo Mundo, ali na Oceânia! Nem de nenhum dos seus catorze Estados soberanos , sem que haja qualquer fronteira terrestre entre eles, e que nos próximos  dias assistem  aos Jogos de Tóquio, quase ao lado,  ou  em 2032 aos de Brisbane, mesmo ao lado! Singularidades deste  singular e plural, incluindo com uma equipa de Refugiados nestes Jogos, movimento olímpico internacional! E tendo sempre presente, mesmo que estejam esquecidas,  as palavras de Pierre de Coubertin: «A coisa mais importante nos Jogos Olímpicos não é vencer mas participar. A coisa essencial na vida não é conquistar mas lutar bem»!