Jesus poderia aprender com Rúben

OPINIÃO22.02.202106:00

Um treinador é também alguém que sabe como influenciar os seus jogadores e os dos rivais

AMORIM é dos treinadores mais inexperientes da Liga, Jesus dos que mais temporadas leva e Conceição andará a meio caminho entre ambos. O treinador do Benfica orientou inclusive os rivais. Se os três fossem questionados sobre o seu processo de comunicação, Rúben elogiaria hipoteticamente o trabalho dos jogadores, que facilita ao seu, Sérgio diria que os que o conhecem sabem como é e que o importante é que os atletas o entendam, já Jorge acusaria a comunicação de não interessar para nada, para concluir que o mais importante é o que ele decide ‘lá dentro’.

Um treinador é também alguém que sabe como influenciar emocionalmente os seus futebolistas e os dos rivais, os adeptos e até uma Imprensa, que pode ser mais ou menos crítica. Renegá-lo é o mesmo que não perceber, cinco anos depois, como perdeu o primeiro título para Rui Vitória.

Rúben é caso de estudo. É verdade que as expetativas iniciais para a época eram baixas e a ainda não vimos o ‘lado Hyde’ que anda ligado ao fracasso – mesmo com a perda do 3.º lugar para o SC Braga –, mas o jovem treinador tem dado uma lição a toda a gente. O discurso não ganha jogos e é preciso escolher e gerir bem o plantel, trabalhá-lo, filtrar o ‘onze’ certo e ler bem o jogo para acrescentar algo a partir do banco – situações em que também se tem destacado –, mas ajuda.

Conceição insiste em explicações que camuflam algumas deficiências do processo e já por uma ou outra vez ultrapassou o limite do respeito e da ofensa, já Jesus anda perdido na autoanálise. Afirmar que a culpa é da Covid-19, que será uma de muitas parcelas da explicação e não toda a explicação, não só dá ideia de desnorte, para fora e para dentro, como também não conquista quem de facto pode alterar o rumo: os jogadores. Aí, está muito atrás dos ex-pupilos.