Homem do Ano
Porque mostrou que no futebol quem se contenta com menos do que aquilo que deseja raramente (ou nunca) tem aquilo que merece…
Porque mostrou que com ele nunca há o temor das quedas estrondosas mesmo quando elas só correm em frenesins e augúrios pelas cabeças dos outros...
Porque mostrou que no futebol apenas se ganham os jogos que se jogam dentro de todos os jogos quando se põe o coração no jogo e o jogo no coração…
Porque mostrou que com ele o entusiasmo é desafio para a luta - sobretudo quando em seu redor há quem pense que talvez não valha a pena lutar mais...
Porque mostrou que no futebol importante é o que uma equipa expressa no campo - e que o melhor (e o pior) que os seus jogadores expressam no campo depende sempre do que o treinador faz engenhoso (ou não) para lá do banco…
Porque mostrou que com ele o que parece ser fugaz centelha é capaz de se transformar numa surpreendente labareda a sair de dentro do seu espírito para lhe dar paraíso que se julgava perdido…
Porque mostrou que, no futebol, a vontade de ganhar não é o que mais importa (que isso todos têm), o que mais importa é a esperteza para se procurar ganhar - a esperteza e a classe, a destreza e o caráter (e nada disso alguém teve, por cá, melhor do que ele)…
Porque mostrou que com ele a fuga à ideia fixa (sobretudo de jogo) é o primeiro recurso dos argutos - e que nada disso é incompatível com a frontalidade (contra o disfarce), com a exigência (contra o desleixo), com o tato (contra o desconcerto), com a fé (contra a fantasia)…
Porque mostrou que com ele há sempre a forma lépida de antecipar os elos mais fracos que a sua equipa possa ter, fortalecendo-os, dentro da própria equipa, com a sua coragem, a sua dinâmica...
Porque mostrou tudo isso (e mais) - Sérgio Conceição ganhou (sem contestação fora da esquizofrenia de alguns que perderam) tudo o que era possível ganhar em Portugal com o FC Porto - e, por isso, para mim, o Homem do Ano é ele.