Guerra dos Tronos no Reino do Dragão
Pinto da Costa decidiu não deixar crescer ainda mais o mito de André Villas-Boas e colocou-o na prateleira dos trânsfugas portistas
Ede repente, um ano antes do previsto, o verniz estalou no reino do Dragão. A narrativa oficial, laboriosamente construída na última década, que se baseava numa visão benévola de Pinto da Costa da saída de André Villas-Boas para o Chelsea, ruiu qual castelo de cartas, não resistindo ao sopro do presidente, que, ao fazê-lo, recuperou a condição de implacável com que chancelou o seu consulado.
O tema deste imbróglio é a sucessão de Pinto da Costa, em relação à qual o histórico líder azul e branco quer ter uma palavra a dizer. Ficou à vista de todos que a candidatura de Villas-Boas lhe desagrada profundamente, e nessa medida não hesitou em usar a bomba atómica, lembrando que o antigo treinador do FC Porto trocou a sua cadeira de sonho no Dragão por um saco cheio de libras.
Ao longo dos últimos onze anos, nas múltiplas oportunidades que teve de manifestar o seu portismo, quer em loas ao clube, quer em críticas soezes aos adversários, Villas-Boas raiou o fundamentalismo, à procura de ganhar espaço no coração dos seus potenciais eleitores. Em cada vez que o fez, recebeu o beneplácito de Pinto da Costa, criando-se a convicção de que podíamos estar perante uma linha de sucessão. Porém, numa altura em que, apesar da dobradinha, têm chovido críticas internas à gestão desportivo-financeira do FC Porto, Pinto da Costa entendeu que era tempo para não deixar crescer mais o mito de Villas-Boas e vingou-se da desfeita de 2011, atirando-lhe à cara a fuga para Londres, como se estivesse a dizer que Roma não paga a traidores. Ao fazê-lo, Pinto da Costa forçou uma reação de André Villas-Boas, que saiu a terreiro confirmando uma candidatura em 2024. E foi aí que aqueles que dependem do pintismo e querem, a seguir, uma mera evolução na continuidade que não belisque o status quo, se atiraram como gato a bofe a Villas-Boas, destapando a agitação que grassa no clube, e que escapava a uma observação mais superficial. Imediatamente, como se fosse crime de lesa-majestade, André Villas-Boas foi acusado de conluio com outra figura grada do portismo ganhador, Antero Henrique, um e outro potenciais usurpadores das chaves do Reino.
Depois de tudo o que aconteceu na última semana - e foi Pinto da Costa a ditar a agenda - o Dragão passou a ser palco de contagem de espingardas…
AURÉLIO PEREIRA
Figura incontornável da formação do Sporting, com vastíssimo contributo para a evolução do futebol português, Aurélio Pereira foi homenageado por muitos daqueles que ajudou a crescer, numa jornada solidária de gratidão que só ficou bem a quem a promoveu. Um grande senhor do nosso futebol.
EVERTON ‘CEBOLINHA’
Jogador de méritos firmados, jovem, figura da seleção do Brasil, parecia que Everton tinha tudo para se afirmar no Benfica e, até, poder saltar da Luz para o topo do mundo. Afinal, a sua passagem por Portugal, onde foi sempre um peixe fora de água, foi uma desilusão. Com mais culpas próprias do que alheias…
PINTO DA COSTA
As finanças periclitantes podem obrigar a vender o que não se quer por valores abaixo do esperado. Antes isso do que ficar a dever. Mas, passar uma mensagem de irredutibilidade negocial, que é quase de imediato desmentida pela crueza da realidade, acaba por ser um desnecessário tiro no pé.