Grande!

OPINIÃO15.10.202106:05

O desafio de Rui Costa é ou não à medida da alma de um dos maiores nomes do Benfica?!

C OM todo o respeito que nos devem merecer grandes figuras do passado, afinal os que começaram por construir os clubes e o futebol que nos chegou até hoje, Rui Costa é, no que designaria como tempos modernos, o primeiro futebolista a tornar-se presidente de um clube com a grandeza do Sport Lisboa e Benfica, reconhecidamente a maior instituição desportiva do País.
Mas Rui Costa não foi apenas um mero jogador de futebol, que me desculpem todos os seus pares de jogo; ele foi um notável jogador, um dos maiores futebolistas portugueses da sua geração, mas seguramente também um dos maiores de sempre, e ainda um futebolista de enorme dimensão internacional.
Ao maior clube nacional junta-se agora, pois, como presidente, um grandíssimo nome do futebol, o número 10 que nos habituámos a admirar no Benfica, Fiorentina e Milan, um homem que à beira de chegar aos 50 pode, agora, igualmente orgulhar-se de ter sido eleito líder máximo da Luz nas mais concorridas eleições desportivas de sempre em Portugal e com o maior número de votos alguma vez atribuídos a um presidente.
Não vai ter Rui Costa, e ele sabê-lo-á certamente, tarefa nada fácil para conduzir o enorme, diria mesmo gigantesco barco que é o Benfica. Tem Rui Costa a dimensão e o caráter (e tem, posso testemunhá-lo), tem conhecimento e projeção, e tem já obrigação de contar, ao cabo de um par de anos, com suficiente experiência e maturidade como dirigente.
Falta-lhe, apenas, creio, e um apenas que não é nada pouco, evidentemente, mostrar a liderança que a presidência de um grande clube nunca deixa de exigir, por muito que se fale na democracia, como se a democracia não tivesse ficado tão bem expressa no ato eleitoral que os benfiquistas tão notavelmente - e de modo tão exemplar e tão concorrido - souberam realizar.
Ganhou Rui Costa, ainda, por via de uma eleição histórica e num momento tão particular da vida do SLB, uma legitimidade absolutamente ímpar (conferindo-lhe esse mandato dos benfiquistas uma autoridade inquestionável para reformar e decidir), com a proporcional responsabilidade que a esmagadora vitória obviamente lhe trará.
Acredito que nem nos melhores sonhos Rui Costa esperou tão claro triunfo eleitoral, e acredito ainda que sem a concorrência de um adversário nas urnas provavelmente o novo presidente encarnado não teria sido legitimado com a expressão com que Rui Costa foi legitimado no dia e na madrugada de 9 para 10 de outubro de 2021.

N ESSE sentido, deve, pois, o novo presidente do Benfica agradecer também a Francisco Benitez, o candidato derrotado, porque mesmo a pequeníssima expressão do resultado eleitoral de Benitez terá sido decisiva para que o Benfica pudesse pacificar-se em torno de uma grande figura como é Rui Costa, que pode muito bem vir a ser - os benfiquistas assim o esperam… - um grande presidente para o Benfica, mas também, e todos o devemos desejar, um grande dirigente para o desporto português, e para o futebol muito em particular, porque será sempre a partir da grande paixão que o futebol arrasta que se definirá se vai, e como vai, ser ou não mais respirável o ar  desta nossa, por vezes tão tóxica, atmosfera desportiva nacional.
Precisará Rui Costa, sempre, de sorte. Pelo menos de alguma, ou mesmo de muita, dependendo das circunstâncias e dos próximos e difíceis tempos.
Diz-se que a sorte também se procura, e que dá muito trabalho. Mas um grande futebolista como foi Rui Costa deve saber muito bem o que isso é. Ou não teria sido tão grande como foi!
 

 

T ONI acaba de chegar aos 75 anos. Diz ele, e dele o cartão de cidadão, que tem 75 anos de vida, e eu acredito, acredito aliás que de vida Toni deve ter bem mais, porque a vida de Toni é tão grande e tão rica e tão densa e tão preenchida que já deve contar muito mais de 75 anos, talvez o dobro, quem sabe, se contar os anos de vida pela grandeza das amizades e das experiências e das emoções e das memórias. De mente e corpo, felizmente para ele, Toni parece não ter mais de 57, tal é a jovialidade do espírito, tão grande é sempre o sorriso, tão contagiante é a paixão pela vida. Costuma dizer-se de seres humanos tão bons como é Toni que têm o coração muito maior do que eles próprios, e Toni, ainda por cima, é figura de corpo grande, imagino, por exemplo, o que seria defrontá-lo, em campo, nos tempos em que era jogador, e prestava, evidentemente, justiça à alcunha de «locomotiva de Mogofores».

P ELO corpanzil que Deus lhe deu, imagine-se, então, o tamanho do coração de Toni, homem que anda há mais de 50 anos a ser um exemplo para o desporto, para o futebol, para a vida e para os amigos, ao ponto de hoje ser visto como alguém que, sendo o Toni do Benfica, é nosso, de nós todos, do futebol e do País.
Faço, realmente, minhas as carinhosas palavras de João Vieira Pinto, na mensagem que através de A BOLA (na justa homenagem que jornal e televisão lhe prestaram) dirigiu ao antigo treinador e hoje amigo Toni, quando diz não conhecer ninguém que não goste de Toni, que não o respeite, que não o admire pelo tremendo exemplo que é, e sempre foi, como desportista, como futebolista, como treinador, e, sobretudo, como bom ser humano que é, porque é isso, na verdade, no fim, o que faz a verdadeira diferença. Toni é, acima de tudo, um homem bom.
Tão bom que quase se tornou um cliché dizê-lo, mas honra seja ao cliché, assim se tornou exatamente por não termos como dizê-lo de outra maneira. Tal como o confessas, meu caro João Vieira Pinto, também eu não conheço ninguém que não goste de Toni.
Creio que essa será sempre a maior e mais verdadeira homenagem que lhe poderemos prestar.
Obrigado, Toni, por seres como és. Um nome, afinal, tão pequenino, uma alma, no fim de contas, tão grande!

C ELEBROU A BOLA TV, na última terça-feira, o 9.º aniversário, e lembrá-lo serve apenas para nos orgulharmos, todos, da luta que temos travado desde 2012, com todas as dificuldades e todas as pedras que fomos encontrando e vamos, certamente, continuar a encontrar pelo caminho.
A BOLA TV continua a ser um dos maiores e mais complexos desafios que esta casa aceitou enfrentar de forma absolutamente pioneira, quando pelos idos de 2011 deitou mãos a uma obra que, até aí, nenhum outro jornal - pelo menos em Portugal, mas, creio, também na Europa - tinha tido a ousadia de erguer.
Projetar e concretizar um canal de televisão por cabo associado a um jornal de referência como é, há décadas, A BOLA, só podia ser monstruoso, mas também invulgar e muitíssimo aliciante desafio, sobretudo para gente, em boa parte, já com uma vida dedicada ao mundo da imprensa escrita, e para uma equipa de jovens que aprendia a dar os primeiros passos no mundo do jornalismo, neste caso na informação desportiva, no mais jovem membro da família de A BOLA.

O S 9 anos que já lá vão desde o começo das emissões de A BOLA TV no cabo, a 12 de outubro de 2012, quando os ponteiros do relógio marcavam as 12 horas (lembras-te, Alexandre Évora?!...), podem não ter sido 9 anos de sucesso, mas foram seguramente 9 anos de orgulho.
A mais recente marca de A BOLA é ainda muito jovem, mas mesmo tão jovem ainda tem-se debatido com tempos sucessivamente difíceis, e ainda assim tem ganho a maturidade indispensável para seguir, de corpo inteiro, a dignidade, o rigor e a independência do jornalismo que a A BOLA se orgulha de fazer há 76 anos.
Dirijo A BOLA TV, apetece-me hoje desabafá-lo, contando com uma equipa de gente realmente muito grande no espírito e na dedicação, além do talento e capacidade. Apesar de muito jovem, também a idade da  BOLA TV, tal como no caso de Toni, nada diz de tantas que são as memórias.
Acreditem, como cantaria o excecional Fausto... o que A BOLA TV já andou para aqui chegar!...

PS:  Em 2021, também chegaram aos 75 anos Artur Jorge, Manuel José e Jesualdo Ferreira, todos grandes e históricos nomes do futebol português e europeu. Saudações (ainda que atrasadas...) para todos, mas,  desculpem-me a franqueza, uma muito especial e particular para o meu querido professor Manuel Jesualdo Ferreira, um dos mais notáveis homens do futebol que tive o privilégio de conhecer. Bem hajam!