Feliz 2021
1 - Este é o último artigo de 2020. Deste ano único nas nossas vidas. Em que a pandemia alterou o nosso quotidiano. Em que o Covid-19 foi tema dominante e angústia permanente. Em que a máscara passou a ser uma exigência e o distanciamento social uma necessidade. Em que os beijos e os abraços se transformaram em saudações de afeto que tivemos que, de raiz, construir. Em que vivemos um diferente Natal e vamos atravessar o Ano, com todas as cautelas, no calor das nossas casas. E bem confinados e totalmente limitados. Mas sendo o último artigo deste ano é publicado num dia duplamente simbólico. A saudosa Senhora Minha Mãe faria hoje 90 anos. Recordo , sempre com redobrada saudade, a sua imagem, os seus cuidados e a sua generosidade. E não esqueço que a «recordação é o perfume da alma»! Não esqueço as cartas que me escreveu - e foram muitas -, os conselhos que me deu - e foram tantos! - e as críticas que suscitou, algumas delas adequadas, oportunas, justas e bem duras. Era uma verdadeira Matriarca. E não esqueço, e vivamente agradeço, um dos seus últimos momentos numa cama da enfermaria do Hospital de Viseu , que, registo, tão bem a tratou: perguntou pelo neto Alexandre e pelos seus bisnetos, todos rapazes e, também, pelo Benfica. Pelo «teu Benfica»! Estou certo que no Céu, que a acolheu com acrescida ternura, está a olhar por nós todos. E a enviar saudações bem calorosas, também neste dia, aos seus sobrinhos aniversariantes, o José Augusto - de que tanto gostava e muito admirava! - e ao Dino, que muito estimava! E naquela proximidade bem singular que a caracterizava nos diria, agora, e repetidamente, para termos todo o cuidado. Mas hoje é, igualmente, um dia simbólico, já que se inicia, em Portugal, o programa de vacinação para o Covid-19. A humanidade, os seus cientistas e as empresas farmacêuticas conseguiram, num tempo único, criar uma vacina para este vírus que ultrapassou fronteiras, derrubou muros e destruiu vidros e janelas. Hoje é o primeiro dia de uma nova esperança para Portugal. Como tem sido nas últimas semanas e dias em diferentes outros Estados e continentes. Hoje é o primeiro de muitos e largos dias em que, dose a dose, centenas serão vacinados e, assim, ficarão mais resistentes a este bicho que nos perturbou o quotidiano e que nos levou, e leva, a duros confinamentos, a sérias restrições de circulação e efetivas limitações à nossa normalidade. Diria à nossa comum liberdade. Mas intuindo que 2021 será, tão só, o primeiro dos anos de um regresso à normalidade. Diria que a uma diferente normalidade já que a «única forma de prever o futuro é ter poder para formar o futuro»! E sendo este domingo, entre nós, o primeiro dia de uma nova esperança exige, e implica, muita calma, profunda solidariedade e imensa paciência. Já que «para quem sabe esperar, tudo vem a tempo»! Feliz 2021 !
2 - 2021 será, ainda , um Ano de muitas restrições. Acredito que os estádios e os pavilhões só terão público lá para o meio do próximo ano e que o desporto de formação só regressará na próxima época desportiva. O que implicará a necessidade de seduzir muitos milhares de jovens, rapazes e raparigas, para o regresso à competição, e, aqui, exigindo por parte do Estado, incluindo as autarquias locais (Municípios e Freguesias), um sério compromisso, objetivamente financeiro, de apoio à retoma desportiva. É que esta pausa desportiva está ser muito dolorosa para os praticantes e traumática para centenas largas de clubes e respetivas associações. É tempo de preparar, na serenidade e no silêncio dos gabinetes, um plano de recuperação e resiliência para o desporto português. Tal plano, no ano (2021) em que Lisboa é a capital europeia do Desporto, é uma urgente necessidade e uma efetiva prioridade. E tal como nos ensinou Leonardo da Vinci «a necessidade é a melhor mestra e guia da natureza. A necessidade é terna e inventora, o terno freio e lei da natureza»! Feliz 2021!
3 - De hoje até à próxima terça-feira decorre a décima primeira jornada da ainda Liga NOS. O líder Sporting joga hoje no Estádio Nacional, amanhã o Braga visita o Bessa agora liderado por Jesualdo Ferreira e na terça-feira o Benfica defronta o Portimonense e, logo a seguir o Porto, fortalecido com a justa reconquista da Supertaça, visita Guimarães e um Vitória com acrescido ânimo. Depois da derrota em Aveiro o Benfica tem de regressar às vitórias. E tem de criar as condições para começar o ano de 2021 a jogar o dobro do que tem mostrado em 2020. E digo tão só o dobro já que acredito que chegará a finais de fevereiro/arranque de março de 2021 a jogar, como prometido, o triplo. Já terá havido tempo para retocar o plantel e para conciliar as vitórias sofridas com exibições sustentadamente marcantes e estimulantes. E não ignorando que no final desta época desportiva o Benfica tem de entrar de forma direta na próxima fase de grupos da Liga dos Campeões. Este objetivo está para além das disputas comunicacionais a que estamos a assistir neste final de ano. O Benfica, a instituição centenária Benfica, tem de estar bem acima de dores pessoais, de coros ajustados ou de personalidades iluminadas! O Benfica, a instituição Benfica, tem de olhar para o ano de 2020, na modalidade futebol, como um ano de total desilusão desportiva e de assumir, desde já, o ano de 2021 como o ano da recuperação e da reconquista desportivas. Já é tempo de assumir, também aqui, que a «culpa não pode morrer solteira»! Já chega de desculpas. Já chega de desilusões. O que importa é arrancar 2021 com firme vontade de vencer. Com fome de vitórias. Com fé em permanentes conquistas. E não começar 2021 com novas desculpas, a mesma resignação ou repetidos sofrimentos. Sei bem o que a Saudosa Senhora Minha Mãe sofria com o Benfica. E sofria com a alma de quem sentia, e muito, o Benfica. E neste dia em que faria 90 anos, e assumindo a sua frontalidade e a sua sensibilidade, deixo-lhes, aqui, um dos princípios de textos judaicos: «A arte de agradar muitas vezes encobre a arte de enganar!» Bom Fim de Ano! Feliz 2021!