FCP: a diferença…
É obra! Verdade que opositores inesperadamente frágeis: Lokomotiv, absurdo cabeça de série, que desastre!; Galatasaray atirado para 7.º na Turquia!; Schalke 13.º na Alemanha, já a 22 pontos (!) do líder Dortmund. Porém, vencer grupo da Champions com 1 empate - no 1.º jogo, na Alemanha -, 5 vitórias, 15 golos marcados (o 2.º ficou-se por 6) e folgadíssima vantagem de 5 pontos… é obra! Indiscutível!
Mesmo neste grupo, imagine-se outra equipa portuguesa; nenhuma conseguiria ser tão categórica. E alguém acredita que outro atual plantel português venceria em Istambul não pondo em campo 6 dos habituais titulares?! O FC Porto fê-lo; sem Militão, Otávio, Óliver, Corona, Soares e Brahimi!
Eis a diferença que o FC Porto vai estabelecendo…
No nível do plantel, porque praticamente todos são mesmo bons…
No nível de robustez também em elasticidade tática (jogadores, vide Marega e Otávio, com polivalência que, em qualquer momento, permite mudar de 4-3-3 para 4-4-2, ou vice-versa, sem necessidade de substituição - precioso trunfo!).
No nível de estrutura atlética (pois é, nela vou insistindo…), leia-se altura, peso, poder de choque, cada vez mais importante em alta competição - sublimando qualidade técnica, evidentemente. Daí ser possível o futebol músculo, enérgico todo-o-terreno, vertical nas galopadas rumo ao golo, que Sérgio Conceição soube erguer a pilar do FC Porto campeão. Daí a quantidade dos seus golos em cantos (enésimo exemplo, anteontem: triunfo iniciado numa cabeçada do defesa Felipe), livres cruzados sobre a baliza, ressaltos de choques na grande-área, ou frequentes remates de longe (execução inclui força/poder muscular). A par de requintes técnicos como os de Brahimi, Óliver, Otávio (não deles exclusivo…), a estrutura atlética de Felipe (1,88 m), Militão (1,86 m) - saber contratar estupendo substituto do excelente Marcano foi crucial! -, Alex Telles (1,81 m), Danilo (1,88), Herrera (1,80), Sérgio Oliveira (1,81), Marega (1,86), Soares (1,87) amiúde desgasta, massacrando, os adversários. E, estando lesionado o possante Aboubakar (1,84), acrescente-se meninos chamados à liça em Istambul: Diogo Leite (1,88), André Pereira (1,88), Chidozie (1,89).
SPORTING: quem é, há 2 anos e meio, decisivo goleador n.º 1? Pois… Bast Dost (1,96!). E quem também faz golos concluindo pontapés de canto? Coates (1,96!), Mathieu (1,89), ou mesmo André Pinto (1,92). Gudelj (1,87) parece a caminho de lhe apanhar o jeito…
BENFICA no outro polo… Sim, eficácia nas ditas bolas paradas exige muito trabalho. Não acredito que seja por falta dele que, no Benfica, golos em cantos, nesta época, até agora, tenham passado a… um! (em Salónica) Foram-se os cabeceadores Mitroglou (1,87), Luisão (1,94), Lisandro (1,87), Jiménez (1,87). Nulo potencial para titular se deteta em Lema (1,90). Decerto por outras limitações, quase não jogam Conti (1,93), Samaris (1,89), Alfa Semedo (1,90), Ferreyra (1,86). Quem resta para cabecear lá em cima? Ainda não se percebeu o potencial de Gabriel (1,86). Seferovic (1,85), por regra, fica na sombra do indiscutível Jonas (1,81). Castillo, possante, limita-se a 1,77. E Fejsa (1,83) de todo não entra nestas contas (só 2 golos, indo em 7.ª época na Luz…). Portanto, restam apenas Jardel (1,92) e Rúben Dias (1,87). O que os torna restritos alvos de marcação, por isso razoavelmente fáceis de bloquear. Todos os outros têm fraca dimensão atlética - e todos a anos luz de João Vieira Pinto, baixinho invulgarmente brilhante também na técnica de cabeceamento!
Muitos me contestarão, frisando que a essência do futebol é a técnica. Claro que sim! Há Messi, Hazard, Bernardo Silva, houve Platini, Xavi, Iniesta, Cubillas, Majder, Gomes, Oliveira, Manuel Fernandes, Jordão, Nené, João Alves, João Vieira Pinto, Rui Costa, Simões, José Augusto, Chalana, Futre - e por aí fora… Só que… olhem bem para o atual futebol de alta competição: em todas as grandes equipas, e cada vez mais, excelente qualidade técnica necessita, como parceira, de forte estrutura atlética. Gritante realidade.
Benfica de ontem: cumprindo obrigação de vencer fraquinho AEK, foi necessário golaço de Grimaldo para não falhar. Porquê? Repetitiva imprecisão de passes põe em causa badalada técnica… Forte aceleração na 2.ª parte voltou a dizer que o problema não está na preparação física. Então? Em 13 cantos, nem um susto causado… Em inúmeros cruzamentos, só uma cabeçada!: de Seferovic, à trave. Remates dos médios: apenas 2, por Gedson, para as nuvens. Pois é… Plantel tão deficiente em estrutura atlética. E o general inverno ainda não chegou…