FC Porto volta à luta
Classe de Diogo Costa e inteligência de Taremi afundam Leverkusen e tiram dragão dos cuidados intensivos
Oduelo intenso, renhido e muito atlético do Dragão acabou por ser decidido pela qualidade individual de dois futebolistas muito acima da média. O guarda-redes Diogo Costa, que defendeu um penálti de Patrik Schick à beira do intervalo, um minuto depois de o VAR ter dolorosa mas rigorosamente anulado aquilo que seria um grande golo de Taremi, revertendo o lance por causa de mão de David Carmo que originou esse tal penálti para o Leverkusen; e o avançado total Medhi Taremi, cuja visão de jogo e virtuosismo técnico estiveram na origem dos dois golos portistas, o primeiro num cruzamento preciso para o cabeceamento do recém entrado Zaidu (que mais tarde evitaria com um desarme sublime a Diaby o golo do empate alemão), o segundo num passe de morte para outro suplente entrado na segunda parte, Galeno. O Leverkusen deu muita luta - é uma boa equipa e também marcou um belo golo justamente anulado pelo VAR - mas o FC Porto ontem tinha mesmo de ganhar e fez-se ao jogo com aquela fome, entrega e intensidade que nos habituámos a ver no FCP europeu há bem mais de trinta anos. A 93.ª vitória do FC Porto em 213 jogos nesta competição não garante nada além do óbvio: que o campeão nacional reentrou na luta pelo apuramento com Leverkusen e Atl. Madrid (para mim, a pior equipa das quatro), uma vez que o sensacional Club Brugge (9 pontos, 7-0 em golos) tem provado onde interessa - no relvado - ser a melhor equipa do grupo. Isto na noite em que o excelente Nápoles de Luciano Spalletti e do mágico georgiano Kvaradona foi a casa de Johan Cruyff espetar uma goleada histórica (6-1!) ao Ajax.
Noites más, todos têm. Goleadas, todos apanham!
Agora, o FC Porto tem de pontuar em Leverkusen e tentar fazer o mesmo em Brugge antes de receber o Atl. Madrid para o último (quiçá decisivo) duelo. Tal como na época passada…
BALIZA ‘HORRIBILIS’
No Vélodrome de Marselha, dez minutos de profundo desnorte do experiente guarda-redes Adán bastaram para transformar aquilo que parecia uma noite francamente prometedora para o Sporting (em vantagem desde os 55 segundos graças a um belíssimo golo de Trincão!) num pesadelo sem remissão. Bem sabemos que o futebol é um desporto coletivo, mas é impossível dissociar os erros sucessivos do keeper espanhol (expulsão incluída) da inesperada e fragorosa déblâce leonina.
Dois golos de rajada resultantes de erros infantis seguidos da expulsão de Adán fizeram colapsar todo o esquema montado por Rúben Amorim. Não mais se viu o Sporting dos primeiros minutos. A partir daí, foi mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma. E o Marselha, que em quatro minutos tinha virado o resultado de 0-1 para 2-1, ainda recebeu mais uma generosa oferta quando o recém entrado Franco Israel, prosseguindo a noite horribilis da baliza leonina, saiu a destempo convidando o central Leonardo Balerdi a fazer mais um. É claro que Balerdi fez mais um - o terceiro.
Em menos de um quarto de hora de desorientação leonina, a equipa francesa (que sofrera 16 derrotas nos últimos 17 jogos na Champions!) tinha o jogo resolvido e três pontos garantidos. Ao intervalo, Amorim mexeu na equipa e conseguiu de certa forma estabilizar o jogo sem, no entanto, o Sporting conseguir verdadeiramente ameaçar o Marselha. O quarto golo dos franceses, num vistoso detalhe técnico de… Chancel Mbemba (!!!), transformou uma derrota clara numa goleada, a terceira sofrida pelos leões no espaço de um ano, depois do 1-5 com o Ajax e do 0-5 com o Manchester City, ambas em Alvalade.
É um facto que o Sporting continua a liderar o grupo e na luta pelo apuramento. Se ganhar em Alvalade ao Marselha chega aos nove pontos. Mas a imagem que passou ontem não foi boa. Nada boa, mesmo. As grandes equipas têm de saber reagir às contrariedades (mesmo as resultantes de erros próprios) e, sobretudo, não podem afundar-se num abrir e fechar de olhos. Mas, lá está: ganhar estofo, maturidade de Champions, é coisa que não se consegue com um estalar de dedos. Leva anos. O Sporting com Amorim iniciou esse caminho há um ano. E, apesar dos tropeções, a verdade é que os leões estão a lutar pela segunda qualificação para os oitavos em dois anos. O que nunca aconteceu na história europeia do clube.
BENFICA E OS ÚLTIMOS ‘TUBARÕES’ NA LUZ: REPETIR BARCELONA E DORTMUND
MUITO difícil, já se sabe, a tarefa do Benfica hoje na Luz. O PSG é mais forte e tem alguns jogadores excecionais, sendo que os que formam o tridente ofensivo mais famoso do mundo estão todos em grande forma. Vejamos. Messi vai com sete golos e ou assistências em 12 jogos; Neymar conta 11 golos e oito assistências em 12 jogos; e Mbappé fica-se pelos 11 golos em 10 jogos (nenhuma assistência). A qualidade deste trio é indiscutível assim como a sua folha de serviços na prova. Se pensarmos que o Benfica, ao longo de 17 participações na Champions, marcou um total de 133 golos e que o tridente do PSG soma 204 golos (Messi: 126; Neymar: 42; Mbappé:36), percebemos que tipo de montanha tem Roger Schmidt pela frente. De que maneira vai o Benfica tentar neutralizar os pontos fortes do PSG sem renunciar àquilo que tem sido o seu perfil é, quanto a nós, a chave do jogo… e eventualmente de uma noite inesquecível; sendo líquido que só um Benfica hiperfocado, faminto de glória e fisicamente muito forte tem hipótese de discutir o resultado com o campeão francês. O registo recente das águias na Luz com os tubarões não é famoso, mas há dois antecedentes que mantêm a esperança acesa: a vitória (felícissima!) sobre o Dortmund de Thomas Tuchel em fevereiro de 2017 (golo de Kostas Mitroglou aos 48’); e o histórico arraso (3-0) ao Barcelona de Ronald Koeman, há pouco mais de um ano, com bis de Darwin Núñez e um golo de Rafa.