Este Benfica não parece de Jorge Jesus

OPINIÃO09.11.202003:00

Três jogos, nove golos sofridos, duas derrotas e um empate caído do céu, a que se junta uma evidente falta de ideias e muita indecisão quanto às primeiras escolhas. Tudo isto junto já dá para se falar em crise, ou estaremos apenas perante um apagão. Ou seja, é estrutural, ou é conjuntural, o mal que assola o Benfica?


Jorge Jesus, que com sete vitórias seguidas, cinco na I Liga e duas na Liga Europa, parecia estar no controlo da situação, está a ver a equipa a fugir-lhe por entre os dedos, como se fosse areia seca na praia. Deixando de parte Vlachodimos, que ontem cometeu um erro, coisa que acontece aos melhores, as dores de cabeça de Jesus devem começar no desacerto de Otamendi, demasiadas vezes desconcentrado e com muita dificuldade em dar à defesa a profundidade que era conseguida com Rúben Dias, passar a seguir para os laterais, onde a desestabilização não podia ser mais gritante, num entra e sai sem precedentes, para a seguir se deter no seis e no oito, cobaias de um laboratório onde as experiências têm ido de mal a pior. Enquanto JJ não arranjar uma boa resposta para este problema, uma equipa ligada e coerente será pura coincidência.


Na frente, onde a capacidade de Waldschmidt e a categoria de Darwin são reconhecidas, e onde a entrada de Seferovic normalmente acrescenta, tem faltado largura, e a tendência para afunilar tem sido maior do que em muitas das piores fases do consulado de Lage. Foi preciso que Jesus desse asas ao Benfica (de forma óbvia com a entrada de Grimaldo), para que o edifício laboriosamente construído por Carlos Carvalhal abrisse brechas. Daí a pergunta óbvia: por que razão, num jogo contra um adversário qualificado como o SC Braga, o Benfica só entrou em jogo quando estava praticamente KO? Por onde andou o Benfica dos últimos 20 minutos, durante os restantes 70?


Mas deixemos a árvore (Benfica,2-SC Braga,3) e fixemo-nos na floresta (o resto da época). Jesus, se não quiser que o seu regresso à Europa seja coroado com um fracasso, precisa de regressar aos princípios em que foi construído o sucesso da sua carreira. Porque, quem viu o Benfica no Bessa e na Luz frente a Rangers e SC Braga, não reconheceu a matriz de JJ. Que nos habituou ao rigor e à organização, coisas que não se vislumbraram ao longo da última sema