Esmagamento anunciado
A entrada de Vítor Baía e Fernando Gomes, dois históricos do FC Porto, campeões europeus em 2004 e 1987, na lista de Pinto da Costa parece indiciar que o atual presidente não quer ganhar as eleições pela vantagem mínima: quer esmagar qualquer potencial oposição. E vai esmagar. Vitória de JNPC abaixo dos 90 por cento será surpreendente. Mesmo tendo vencido apenas um campeonato nos últimos seis anos, Pinto da Costa continua totalmente no centro no coração dos portistas. Nas aurículas, ventrículos, epicárdio, miocárdio, endocárdio, aorta, tronco pulmonar, artérias pulmonares ou veias cavas.
As chamadas de Baía e Gomes, chamemos-lhes assim, como quando eram futebolistas de topo mundial, podem ser vistas como jogadas de marketing de Pinto da Costa. Mas, se o são, é marketing topo de gama. Dificilmente se poderia arranjar nomes mais fortes. Talvez só João Pinto ou Jorge Costa terão igual peso junto dos associados. Bem diferente, porém, poderá ser a funcionalidade de ambos na estrutura portista. Gomes tem sido uma espécie de embaixador do FC Porto e Baía, apesar do curso de gestão de desporto, está a começar.
Aliás, em Portugal, não há histórico de grandes jogadores terem atingido posição de elevado peso no dirigismo. Podemos falar em António Simões, Nuno Gomes, Humberto Coelho ou o próprio Fernando Gomes, mas o único que chegou a um patamar relativamente forte foi Rui Costa. Pauleta e João Vieira Pinto estão na estrutura da Federação Portuguesa de Futebol, mas com escassa influência. Até Luís Figo não deu ainda passo decisivo nesse sentido. Tentou a candidatura a presidente da FIFA e mantém a ideia de, a prazo, poder liderar o Sporting. Mas só isso.
Há muitos ex-futebolistas como comentadores (Simão, Nuno Gomes, Ricardo, Hélder Postiga, Costinha, Maniche, Jorge Andrade, Manuel Fernandes, Vítor Paneira, Carlos Manuel ou Futre, por exemplo), alguns passaram a agenciar jogadores (Deco ou Meira), mas nenhum parece fadado para se candidatar à presidência de um clube ou até da FPF. São necessárias outras características. As que tem, por exemplo, José Couceiro. Não foi jogador de topo nacional, mas tem experiência nas mais variadas áreas do futebol. O único grande clube da Europa que continua a recrutar ex-jogadores para posições de clara liderança é o Bayern. Uli Hoeness e Franz Beckenbauer são disso exemplo. Houve ainda Giacinto Facchetti no Inter. Como será com Vítor Baía? Para já, claro, assistirá ao esmagamento de JNPC.