Era um par de meias, sff

OPINIÃO17.04.201901:06

Hoje tem de ser uma noite épica no Dragão. Reverter um 0-2 contra um potentado como o Liverpool implica um FC Porto no aproveitamento máximo das suas capacidades e com níveis altíssimos de acerto defensivo para não sofrer um único golo. Basta que o Liverpool marque e o caldo está automaticamente entornado - o FCP precisará de marcar quatro a uma defesa que tem três dos melhores jogadores do Mundo nas suas posições: o guarda-redes Alisson, o central Virgil van Dijk e o lateral esquerdo Andrew Robertson, uma força da natureza que José Mourinho elogiou com admiração - este Robertson não jogou há uma semana. Sérgio saberá o que mais convém a um FCP que não pode ir com demasiada sofreguidão ao pote. Como ele próprio reconheceu, há fases do jogo em que o Liverpool é (neste momento) a melhor equipa do mundo e quase toda a gente reconhece que é no contra que os reds possuem a sua arma mais mortífera: a facilidade - e a velocidade! - com que eles chegam à baliza contrária em dois ou três passes é a maior ameaça ao objetivo portista. Para o FCP chegar à sua terceira meia-final no formato Champions é preciso, portanto, uma defesa em estado de graça para garantir o clean sheet, mas também que Éder Militão volte a meter ao bolso o talentoso Mo Salah, que por acaso até nem devia ir a jogo, pelo vermelho direto escandalosamente perdoado em Anfield. E também são precisos um Danilo e um Herrera no auge dos seus préstimos, assim como um Moussa Marega muitíssimo mais certeiro na hora de finalizar. Tivesse ele concretizado metade das chances há uma semana e se calhar estaríamos aqui a falar de outra coisa. E por último: Brahimi. É o jogador mais talentoso, mais imprevisível e mais desequilibrante do FCP. Não sei como ele treina durante a semana, mas parece-me que para um jogo destes o FCP não pode prescindir do veneno que Yacine é capaz de dar à equipa - ainda se houvesse outros semelhantes… mas não há, não é verdade?
Difícil? Sim, dificílimo. Impossível? Não. O próprio FC Porto se encarregou de demonstrar por três vezes - repito: três vezes - que é possível a uma equipa portuguesa ganhar uma competição europeia em pleno séc. XXI sem descurar o  sacrossanto campeonato doméstico (cuja relevância internacional é nula). Fê-lo com Mourinho em 2003 (Taça UEFA + Campeonato + Taça de Portugal), com Mourinho em 2004 (Champions + Campeonato) e com André Villas Boas em 2011 (Liga Europa + Campeonato + Taça de Portugal). Eram super homens, gente iluminada? Não, não eram. Eram muito competentes, mas tão homens de carne e osso como os que irão a jogo com o tornado vermelho de Jurgen Klopp.


Benfica: quase tudo a favor
Para o Benfica o objetivo da meia-final apresenta-se muito mais facilitado. Primeiro, porque o E. Frankfurt, sendo uma boa equipa alemã, não é nem de perto nem de longe um petisco como o Liverpool. O Benfica parte favorito não só pela boa vantagem conseguida na Luz (4-2) num jogo vibrante e com muitas oportunidades de golo (para os dois lados, atenção), mas porque os alemães mostraram em Lisboa e no jogo logo a seguir (derrota  caseira com o Augsburgo por 1-3) que a sua defesa estará a atravessar um período de bar aberto… que é altamente favorável ao perfil futebolístico dos encarnados, dotados de jogadores velozes e hábeis na transição ofensiva como Félix, Rafa e Seferovic. Lembre-se que o E. Frankfurt sofreu quatro golos na Luz mas podia ter sofrido cinco ou seis (certo, Seferovic?), tantos espaços concedeu ao adversário. Aconteceu o mesmo no jogo com o Augsburgo, com a agravante de Adi Hutter ter visto novamente um jogador ser expulso com muito por jogar (Gelson Fernandes, logo a seguir ao intervalo). É de esperar um ataque inicial maciço dos alemães na Commerzbank Arena e há que reconhecer, pelo que fez na Luz, mesmo em desvantagem numérica, que este Eintracht é uma equipa corajosa, senhora do seu nariz e muito combativa. Bruno Lage sabe que até pode perder por 1-0 que passa. Mas nós também sabemos que o Benfica pode perfeitamente sofrer dois golos sem grande escândalo, porque a defesa - melhor: a movimentação defensiva - não é objetivamente o seu ponto forte. Impõe-se portanto marcar um golo e não sofrer mais de dois. Julgo que não é pedir muito. Há uma desforra com o Chelsea à espera…