Editorial: Abre hoje o teatro dos sonhos
Taremi, FC Porto / IMAGO

Editorial: Abre hoje o teatro dos sonhos

OPINIÃO19.09.202309:36

Jogos europeus devem servir para serem criadas dinâmicas mais vivas e competitivas

O FC Porto dá esta noite, em Hamburgo, frente ao Shakhtar Donetsk - clube que anda com a casa às costas desde 2014 -, o pontapé de saída lusitano na fase de grupos das competições europeias. Os ucranianos, pelas vicissitudes da guerra que os russos lhes moveram, viram partir alguns dos seus melhores jogadores e perderam capacidade aquisitiva, e já não são, até por terem de jogar em campo neutro, o adversário temível de há uns anos. No entanto, não lhes falta traquejo internacional - antes da guerra, treinados por Luís Castro, venceram, fora e em casa, o Real Madrid - e será preciso um bom FC Porto, melhor do que aquele que tem sido visto nas competições domésticas, para sair do norte da Alemanha com os três pontos. 

Aliás, será interessante verificar, entre hoje e a próxima quinta-feira, quando o Sporting se deslocar à Áustria para defrontar o Sturm Graz, o que trará de novo aos clubes portugueses, em termos de dinâmica, a jornada europeia. Em tese, os desafios propostos aos três Mosqueteiros da Champions e ao D’Artagnan da Liga Europa, podem clarificar alguns capítulos do que se lhes tem visto por cá. O FC Porto necessita de melhor ligação entre setores, algo que se desarticulou com as saídas de Uribe e Otávio; o Benfica precisa de ser mais objetivo e menos rococó, recuperando a fome de jogar e não deixar jogar, que esteve na base da vitória num grupo onde moravam também PSG e Juventus; o SC Braga, que calhou numa chave muitíssimo complicada, não pode ir a jogo com a inconstância defensiva que já lhe custou a perda de oito pontos no campeonato, onde sofreu uns impensáveis dez golos em cinco jogos; e o Sporting, o mais regular e equilibrado dos quatro no arranque de temporada, quiçá aquele que mais cirurgicamente contratou, tem por obrigação máxima exorcizar os fantasmas de um passado recente, onde foi capaz de fazer o melhor e o pior, do dia para a noite. 

Ninguém duvide de que haverá um antes e um depois, na vida dos clubes, em função do início das hostilidades europeias, que vai obrigar a melhorar a gestão e uso do plantel (cuja profundidade terá prova de fogo). E nenhum treinador poderá esquecer que são as dinâmicas de vitória que catapultam as equipas para grandes feitos, aumentam os índices de confiança e tornam a fadiga coisa de somenos.