É hora do Inferno da Luz ir a jogo
O Benfica deve transformar, frente ao Midtjylland, as boas sensações do início de época num resultado robusto e indiscutível
A MANHÃ, o Benfica de Roger Schmidt terá a sua primeira prova de fogo, depois das boas sensações que foi transmitindo ao longo dos jogos de preparação. Mas essas partidas, ditas amigáveis, não eram um fim em si mesmas, mas sim um meio de chegar à melhor condição possível quando fosse mudada a agulha e o comboio encarnado passasse da linha do faz de conta para a linha do muito a sério. Frente ao Midtjylland, apresentar-se-á um Benfica que ainda estará longe do seu desenho final, e esse será o principal handicap a apontar à turma da Luz. Apesar de terem sido encerrados muitos dossiers relevantes, nomeadamente no que diz respeito a saídas, e admitindo (sem dúvidas) que contratações como as de Bah, Enzo Fernández e Neres acrescentaram qualidade ao Benfica, há negócios pendentes para posições relevantes, que tardam em resolver-se e obrigam a que Schmidt, por agora, só possa apresentar um esboço da equipa, e não o seu retrato final.
A melhor notícia desta pré-época para os benfiquistas teve a ver com a facilidade com que os jogadores apreenderam as ideias do treinador, que cortou radicalmente com o passado na Luz. Uma equipa do Benfica a querer tirar, tão cedo quanto possível, a bola ao adversário para, a seguir, olhar para a frente e não para o lado, não era vista desde o primeiro ano da primeira passagem de Jorge Jesus pelo clube, já lá vão treze anos.
Até agora, Roger Schmidt apostou num onze base (embora o técnico alemão diga tratar-se de uma coisa dinâmica, a verdade é que escolheu sempre os mesmos dez jogadores de campo) e será surpreendente que altere alguma dessas escolhas na partida com os dinamarqueses, por mais que Bah pareça ter argumentos de que Gilberto não dispõe, João Mário esteja manifestamente desconfortável, a partir da esquerda, especialmente no processo defensivo, ou Yaremchuk dê sinais de que, para ele, a titularidade será apenas uma questão de tempo.
Para o fim fica um facto decisivo na história europeia do Benfica: a ligação entre a equipa e os adeptos, que parecem genuinamente agradados com o que lhes foi dado ver neste início do ano um de Rui Costa. Com o que está em jogo (milhões de euros, montra de luxo e prestígio), deve subir ao palco a versão do Benfica, que é capaz de invocar o Inferno da Luz.
ÁS – SÉRGIO CONCEIÇÃO
Com o triunfo na Supertaça de 2022, o técnico portista igualou Artur Jorge em títulos ganhos (embora o Rei Artur tenha uma Champions...), solidificando o seu estatuto de treinador-referência da história dos dragões. Sérgio Conceição começa a época como principal garante da coesão e coerência do futebol portista.
DUQUE – PINTO DA COSTA
A forma convicta como o FC Porto foi mantendo o apoio à equipa de ciclismo que transporta(va) o seu nome, apesar das suspensões de oito atletas e das evidências vindas a público após trabalho da PJ e da ADOP, não foi apagada pela posterior rescisão do acordo de naming com a W52, que chegou tarde e a más horas.
DUQUE – CRISTIANO RONALDO
Persistindo a dúvida quanto ao destino final de CR7 nesta época de 2022/2023, há uma coisa que não merece qualquer tipo de dúvida: a forma como foram sendo comunicados possíveis destinos do astro madeirense (e o que se ouviu de alguns clubes...) não contribuiu em nada para o prestígio do capitão da Seleção Nacional.