E agora, com CR7?
Regressa a Seleção - iniciando defesa do título de campeã da Europa - e a ela regressa Cristiano Ronaldo. Aberrante o que ouvi e li há meses, na qualificação para fase final da nova Liga das Nações: «Seleção mais forte sem Ronaldo»!!! Foi muito importante essa bonita/eficaz campanha ter mostrado equipa não Ronaldo dependente. O que não lembra ao diabo é pensar-se em Seleção mais poderosa sem o supercraque que todos os adversários mais temem (mero exemplo: no último Mundial, no 3-3 com Espanha, quem marcou os nossos 3 golos?...).
Assim colocadas pintas nos ii, creio que regresso de CR7 pode (deve?) implicar reformulação tática: de 4x3x3 nos últimos jogos, sem ele, para 4x4x2 como na conquista do Europeu e também no Mundial (ou sistema híbrido, ao jeito do falso 4x4x2 que Bruno Lage implantou no Benfica?). Continuo a não gostar de ver Ronaldo muito fixo entre os defesas centrais (embora já não seja diabólico extremo rasga defesas - e sempre homem golo! -, tornando-se ponta de lança com mobilidade para surgir na grande área e finalizar como nenhum outro). Verdade: CR7 habituou-se ao 4x3x3 no Real Madrid e na Juventus; mas fazendo constantes trocas posicionais com Benzema e, agora, com Mandzukic (nesta Seleção, face a contrarrelógio de apenas 2 ou 3 treinos, difícil definir quem com ele melhor ligue nessas movimentações).
André? Dyego? Diogo? João?
Muito provável: 4x4x2. Ronaldo e… quem mais na dupla de pontas de lança? Porque Fernando Santos, com plena justiça, convocou novidades (Dyego Sousa, Diogo Jota, João Félix), hipóteses passaram a ser 4 (André Silva já esteve no Mundial e na Liga das Nações). Súbita fartura numa posição por regra tão pobre em alternativas! Então, quem? André possui a vantagem de já ter rotinas com Ronaldo (os outros nem o conheciam ao vivo…), mas julgo que a sua forma anda periclitante… Dos estreantes, Dyego é o puro ponta de lança (mais capaz de libertar Ronaldo). Diogo Jota, noutro estilo, veloz e possante especialista de contra-ataque, está com altíssimo rendimento, golos inclusive (tenho visto quase todos os jogos do tão português Wolverhampton de Nuno Espírito Santos, líder dos não gigantes na Liga inglesa; Rúben, Moutinho, Diogo… enormes!). João Félix, o menino, entra na Seleção sobretudo, creio, para iniciar integração.
Qual deles? Também depende da estratégia face ao perfil da Ucrânia e da Sérvia. Com mais tempo de treino, diria uma das novidades: Dyego Sousa ou Diogo Jota. André Silva tem o tal trunfo de algumas rotinas com CR7.
Rúben-Moutinho? E William?
Ponto assente na retaguarda: Patrício; Cancelo-Rúben Dias-Pepe-Guerreiro (ou Mário Rui).
A partir da defesa, só 2 titulares garantidíssimos: Ronaldo e Bernardo. Garantido também deveria ser Bruno Fernandes, em extraordinária forma: pelo centro, direita ou esquerda, ataca (que passes a rasgar), defende e, importantíssimo, remata como nenhum outro médio! Potencial dúvida: que posição/função para ele? Por questão de encaixe tático, nunca ganhou titularidade. E não será desta… (raio de lesão!).
Mesmo em 4x4x2, e sem Bruno, excesso de qualidade no meio-campo! Para a posição mais recuada, nada menos do que 3…: Rúben Neves (titular nos últimos jogos), Danilo e William (este teve êxito na recente aposta de Fernando Santos: avançá-lo para n.º 8). Em grande se mantém Rúben Neves; apesar da pujança de Danilo, inclusive no jogo aéreo, creio que função n.º 6 será de Rúben (preciosa visão de jogo, elasticidade defesa-ataque, estupendos lançamentos longos, poder de remate à distância, bom executante de livres diretos - se pedir licença a Ronaldo e Bernardo…).
E como n.º 8? Outra feroz disputa! Bruno seria fortíssimo candidato… De novo William? João Moutinho reaparece em grande rendimento - e, no 4x4x2 do Wolverhampton, enraizou ótima ligação com Rúben; dupla de médios centrais, coração da equipa. E há Pizzi (não sendo essa a sua ideal posição).
Na direita, indiscutível Bernardo, pura classe, brilhante forma (Pizzi como muito boa alternativa). Na esquerda, busílis… Habitual preferência de Fernando Santos (João Mário) pouco tem jogado no Inter. Pizzi para aí transferido? Com alas virando para dentro, como qualquer deles muito bem faz, aí estaria (estará?) o tal 4x4x2 não convencional, meio falso. Mas mantenho ideia expressa há meses: gostaria de ver o esquerdino Raphael Guerreiro avançando para esse flanco da linha média… Óbvio: solução ainda mais atacante inclui a grande forma de Rafa, penso que, neste momento, com primazia sobre Gonçalo Guedes.