Dos campeões

OPINIÃO19.07.202004:00

Se há uma máxima que diz que, no futebol, Deus está sempre (ou quase) ao lado de quem tem o melhor treinador, o FC Porto ganhou o campeonato porque teve o treinador que, sendo mais do que o melhor que a Liga tem, não precisou de  ter Deus a seu lado, a dar-lhe a sorte para ganhar o que com azar (ou outras coisas…) poderia perder.  
Foi, foi Sérgio Conceição quem, acima de tudo e de todos, o ganhou (e não, não foi o Benfica que o perdeu - e ainda menos o Bruno Lage). Ganhou-o porque fez bem o que era preciso fazer para o ganhar (e não o perder) através da sua aptidão técnica e da sua argúcia tática - entrando, sagaz, no coração dos seus jogadores, tornando-os melhores do que se imaginava que eles pudessem ser. Ganhou-o porque, a esses seus jogadores, pô-los a acreditarem nele - e a acreditarem, ainda mais, em si próprios (nas boas emoções da alma quente, da galhardia, do desejo de vencer, da valentia).


Ganhou-o porque construiu uma equipa dentro da sua cabeça e essa equipa foi sendo mais do que um somatório de 1 a 11  (ou de um rol de 18 nomes em convocatória) - sendo, solidária e comprometida,  um monumento à vontade e à galhardia. Ganhou-o porque percebeu que jogar bem não é jogar-se, malabarista, como se se andasse, enleante, por pistas de circo -jogar bem é jogar-se, arguto, como se se andasse, inteligente, por tábua de logaritmos. Que importante no campo é tomarem-se as decisões mais eficazes (em prol do grupo) e não as mais esbeltas - é ninguém se retrair, se esconder. E ganhou-o porque, nas explanadas suas boas ideias de jogo, não se abriu à fímbria de uma dúvida, procurou que a estrela da equipa fosse a equipa - marcando mais golos, sofrendo menos.  


P.S. - Se, por tudo isso (e mais...), o FC Porto teve o melhor treinador do mundo que poderia ter nas circunstâncias em que estava (ou está) - só o teve por continuar a ter o que tem: Pinto da Costa a presidente - percebendo que a única forma de o FC Porto ganhar é não perder o espírito que Pedroto lhe deu.