Desporto, uma arma contra a depressão

OPINIÃO23.11.202003:00

A vida não está fácil, os números da pandemia continuam a escalar, a economia ressente-se e a disponibilidade para aceitar as medidas restritivas da liberdade é cada vez mais escassa. Com as vacinas libertadoras já no horizonte, é essencial encontrar forças para superar os próximos meses, aceitar a prisão domiciliária a que o vírus nos condenou e, a seguir, depois de sobrevivermos, voltarmos a viver.  

Para contrabalançar a carga depressiva com que o Covid-19 nos bombardeou, precisamos, cada vez mais, de motivos para que, quando olharmos para o copo e só o virmos a meio, termos a convicção de que está meio cheio e não meio vazio.

O desporto, que nos chega a casa pela televisão, está a revelar-se um auxiliar precioso da normalidade, algo que, apesar das bancadas vazias, nos mantém ligados ao mundo como era.

É extraordinário como foi possível, em todo o mundo, promovendo condições sanitárias absolutamente excecionais, através da criação de bolhas, levar até ao fim, entre outros eventos, o Tour, o Giro, a Vuelta e a Volta, o golfe e o ténis, as várias ligas nacionais de futebol, a Champions e a Liga Europa, a NBA, a F1 e o MotoGP. Todas estas competições ajudaram-nos, e continuam a ajudar-nos, a ultrapassar os dias de chumbo do confinamento com a atenção focada em coisas que nos aproximam da realidade como a conhecíamos e pela qual suspiramos.

Estamos altamente necessitados de cocktails de otimismo e neste fim de semana o desporto deu um contributo estimável para que Portugal fosse menos cinzento:
A Taça de Portugal decorreu sem a degola dos inocentes que tantas vezes se vê; Mourinho impôs-se a Guardiola e ao fim de um ano transformou o Tottenham num clube temido; Cristiano Ronaldo, que iniciou oficialmente a perseguição ao recorde de golos de Pelé, é a referência maior no universo do calcio; João Félix é o porta-estandarte do Atlético de Madrid candidato ao título espanhol; Telma e Fonseca trouxeram medalhas do Europeu de judo; e, last but not least, a estrela de Miguel Oliveira iluminou os céus do Algarve com uma vitória estratosférica no MotoGP.

Mesmo sem o reconhecimento do Governo, o Desporto está a cumprir a sua parte nesta guerra sem quartel contra o Covid-19.