Desporto em ensaio sobre a incerteza

OPINIÃO31.08.202003:45

Voltaram os jogos de preparação com vista para o exterior, e começa a ter-se um primeiro vislumbre do que valem  as aquisições e qual deverá ser a matriz de cada treinador. Faltará, inevitavelmente, o fascínio dos jogos de apresentação, que sempre se revestiam de uma pompa que encantava os adeptos e ajudava a motivar a compra dos lugares anuais; estarão ausentes, até, aqueles momentos Étoile Carouge - o simpático clube suíço que apadrinhava, anualmente, alguns clubes nacionais, que escolhiam Nyon como quartel-general -, mas é o que é, em tempos de pandemia, quando não sabemos muito bem se vem aí uma segunda onda de Covid-19, ou se, como dizia ontem a imprensa espanhola, está a aproximar-se um tsunami, há que procurar relativizar os perigos e minimizar os riscos e levar a vida para a frente como se o amanhã normal estivesse já ali ao virar da esquina. Pelos dados que nos vão chegando, é razoável pensar que poderá haver uma vacina eficaz, em condições de ser distribuída de forma massificada, até meados de 2021, o que significa que haverá razões sustentadas de esperança de que a época desportiva de 2021/2022 seja normal. Mas, até lá, vamos viver com o coração nas mãos, sem saber muito bem por onde procurará expandir-se o inimigo silencioso. Ou seja, não estando previsto qualquer novo confinamento generalizado, os próximos meses serão passados a apagar focos de contágio, seja em lares, corporações de bombeiros, fábricas, construção civil, escolas, ou clubes desportivos. Sem meios para realizar os testes de bolha feitos nas competições profissionais, as restantes categorias competitivas vão passar por momentos de angústia e incerteza, sendo difícil prever como vai ser esta época de 2020/2021. Ontem, o Benfica de Jorge Jesus mostrou-se ao mundo pela primeira vez. Percebe-se o trabalho, são visíveis as linhas mestras de JJ, e alguns detalhes de Everton Cebolinha deixaram água na boca. Mas, a duas semanas de um jogo que pode valer muitas dezenas de milhões de euros (45, para começar), faz pouco sentido que o treinador encarnado ainda não tenha o plantel fechado. Há, na circunstância presente do Benfica, uma urgência que começou por ser respeitada - Waldschmidt, Vertonghen, Cebolinha - mas o impasse com Cavani bloqueou processos...