Deixem os treinadores em paz...
As escolhas de Paulo Sérgio serviram plenamente os objetivos de manutenção do Portimonense. Pode pedir-se-lhe diferente?
S OBRE o inquérito aberto pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a Paulo Sérgio, treinador do Portimonense, a propósito da equipa que este escolheu para defrontar o FC Porto, no Dragão, valerá a pena alinhavar algumas ideias, uma vez que se trata de matéria, no mínimo, controversa.
Em tese, para defender a integridade das competições, cada treinador deve apresentar a melhor equipa em todos os jogos. Porém, este princípio simples, quando esmiuçado, reveste-se de tremenda complexidade, uma vez que é impossível realizar uma boa gestão da temporada se apenas se vir cada árvore per si e não a globalidade da floresta. E há ainda a ter em consideração o indisputável direito do treinador às escolhas...
Indo diretamente à decisão de Paulo Sérgio de resguardar, afastando-os do Dragão, alguns jogadores que lhe fariam mais falta na receção ao Moreirense, o que pode dizer-se é que, enveredando por esse caminho, defendeu os superiores interesses do Portimonense, e com a escolha que fez terá colocado o emblema barlaventino a salvo, em termos de manutenção.
Se, por absurdo, Paulo Sérgio fosse sancionado pelo CD da FPF, será que Nélson Veríssimo, que no sábado passado, no Funchal, decidiu, já a pensar no próximo clássico, poupar alguns titulares, também o seria? Assim como todos os treinadores que retiram jogadores à beira do quinto cartão amarelo? Ou aqueles que, em vésperas europeias, para jogos que pagam 1,5 milhões de euros por ponto, optam por equipas alternativas nas competições nacionais?
E se, por hipótese, o FC Porto-Portimonense tivesse acabado 3-0, também haveria inquérito?
Há 22 anos, no Euro-2000, depois de ter garantido a qualificação vencendo a Inglaterra e a Roménia, o selecionador nacional, Humberto Coelho, decidiu apresentar a reserva contra a Alemanha. Deveria ter sido impedido de fazê-lo, por estar a adulterar a competição? Afinal, ingleses e romenos poderiam sentir-se prejudicados. Porém, quem se sentiu mesmo prejudicada foi a Alemanha, que acabou por perder por 3-0 (hat-trick de Sérgio Conceição).
Ao CD da FPF, que já tem tanto com que se preocupar, solicita-se que deixe em paz os treinadores e as suas escolhas, que em muitas circunstâncias, como aconteceu a Paulo Sérgio, são dilemáticas.
ÁS – CARLO ANCELOTTI
O treinador merengue, que acaba de conquistar o título espanhol, é o primeiro a sagrar-se campeão nos cinco maiores campeonatos europeus (com AC Milan, Chelsea, Bayern, PSG e Real Madrid), a que junta a Liga dos Campeões, ganha com rossoneri e madridistas. Um dos maiores técnicos da história do futebol…
ÁS – PATRICK M. CARVALHO
O presidente do Belenenses teve uma semana em cheio: no futebol viu o seu clube ficar mais perto da Liga 3 ao derrotar o Olhanense; no andebol os azuis do Restelo triunfaram sobre o Xico e cheiram a Europa; e ainda averbou uma vitória por goleada (ou seja, por unanimidade dos juízes) no Tribunal da Relação sobre a B-SAD.
ÁS – NUNO MANTA
Há meia dúzia de anos foi uma lufada de ar fresco ao realizar excelente trabalho no Feirense. No passado fim de semana devolveu o Torreense às competições profissionais, de onde andava arredado há 24 anos. Como, no futebol, a memória é curta, aqui ficam a devida justiça a Nuno Manta e os parabéns ao Torreense.