Decisão difícil
A maior competição de futebol do mundo tem que ser inclusiva, mas essa necessidade não pode colocar em causa a qualidade do torneio. Para que um desafio de futebol tenha qualidade são necessárias três boas equipas, não bastam duas. A terceira, a que dirige o jogo, tem uma importância decisiva na qualidade do mesmo. A arbitragem é elemento fundamental para que o espectáculo tenha um nível superior.
O processo de apuramento para as fases finais é mais penalizador para a Europa. Itália e Holanda, por exemplo, não estão presentes. É verdade que o Chile também não está; foi vencedor da Copa América e tem geração de jogadores de grande qualidade.
A percentagem de países apurados na Europa, porém, é menor do que na América do Sul. Pelo contrário, países de outras confederações têm sempre maiores probabilidades de apuramento. Mas se os jogadores jogam em países diferentes do da sua nacionalidade, o que lhes é benéfico por usufruírem de nível competitivo superior, os árbitros não têm essa possibilidade. Trabalham sempre no seu pais de origem e estão condicionados ao nível competitivo que o mesmo tem, independentemente do seu potencial. Quando chegam a competições de nível superior, os que provêm de campeonatos de nível inferior têm, naturalmente, mais dificuldades. Como a competição tem um cariz inclusivo, as escolhas são condicionadas pela origem geográfica e não pelo valor absoluto. Decisão difícil, com consequências visíveis na qualidade de algumas arbitragens. Aspecto que merece reflexão. A profissionalização da arbitragem pode proporcionar aos árbitros com potencial o acesso a um nível competitivo superior.
A FIFA tem maior número de membros do que as Nações Unidas. Esta abrangência é importante para cimentar a implantação do jogo no plano global. Mas também é essencial defender sempre a qualidade do jogo na maior competição de futebol do mundo. Uma decisão difícil, que merece toda a atenção.