De mal (Famalicão) a pior (Estoril)...

OPINIÃO19.09.202206:30

O assunto é sério, e requer uma discussão intelectualmente honesta, onde não têm lugar os ‘trolls’ da comunicação clubista

HÁ uma semana, em Famalicão, e anteontem, no Estoril, entrou-nos em casa o futebol que não queremos, sectário e estúpido, radical e troglodita, à medida apenas dos trols da comunicação clubista que utilizam esta desgraça civilizacional como arma de arremesso.
O assunto em apreço é sério, complexo e difícil, sendo merecedor de uma discussão profunda, que tenha em vista a proteção dos adeptos e a liberdade de cada um.

Infelizmente, não vivemos numa sociedade que faça da tolerância a sua imagem de marca, e há demasiados pirómanos que tornam uma convivência, que seria sempre difícil, em virtualmente impossível.
Parece-me razoável e sensato que nas zonas dedicadas apenas a sócios de um clube não haja adeptos da equipa contrária. Isso faz parte dos pressupostos da venda desses lugares específicos, e quem os adquire pretende estar com a sua família clubística e não com estranhos a essa tribo. Porém, como há a possibilidade de serem emprestados os cartões de época, muitas vezes no mesmo espaço cruzam-se credos clubistas diversos e deverá prevalecer o bom senso de quem está como convidado em casa alheia. Já nos lugares de venda livre, quem paga o bilhete tem o direito de manifestar a sua preferência, sem estar sujeito a limitações, restrições, muito menos intimidações.

Não há razão para o que sucedeu no Estoril passe sem consequências. Os bullies que intimidaram pai e filha estão certamente identificados e o clube da linha deve sancioná-los exemplarmente, sob pena de ser cúmplice num ato impróprio de quem frequenta um estádio.
Não há razão para o que aconteceu em Famalicão não nos faça refletir sobre a forma de otimizar um regulamento que carece, pelo menos, de melhor contextualização, na certeza de que a imagem do futebol saiu muito penalizada daquele incidente.
Aos clubes, que precisam de receitas e aproveitam os jogos com os grandes para tirar a barriga de misérias, deve ser pedido mais cuidado na forma como vendem bilhetes, porque não podem ter sol na eira e chuva no nabal, ou seja, antes de colocarem os ingressos à venda para os forasteiros devem garantir que estes vão poder assistir ao espetáculo em segurança e integral liberdade.
 

ÁS – BRUNO LOURENÇO

Marcar dois golos ao Sporting na vitória do Boavista por 2-1 seria razão suficiente para um ás. Mas o primeiro golo marcado a Adán, matéria de Puskas, eleva a proeza à enésima potência. Produto da formação do Benfica, onde esteve durante nove anos, Bruno Lourenço teve uma noite para a eternidade... 
 

REI – RÚBEN AMORIM

Bestial à terça e besta ao sábado? Rei na Champions e plebeu na Liga, onde está a onze pontos da liderança? Provavelmente, a forma de jogar que serve para dar cartas na Europa é ineficaz contra equipas de bloco baixo e defesas espartanas. Esse é um tema de reflexão a que o treinador do Sporting não deve fugir.
 

DUQUE – SÉRGIO CONCEIÇÃO

Credor de toda a solidariedade na sequência do cobarde ataque à sua família, Conceição tem visto o FC Porto a somar maus resultados e a apresentar um futebol nada condizente com os pergaminhos do clube. Noutras alturas, o técnico fez omeletes sem ovos. Desta feita, o sucesso parece mais complicado.