De facto, são precisos dois para o tango

OPINIÃO08.08.202206:30

O jogo da Pedreira podia ter acontecido em Amesterdão ou Eindhoven, num duelo entre Ajax e PSV, de futebol sem travões...

PARA início de conversa, bem bom! A primeira jornada da Liga 2022/2023 ofereceu aos adeptos do futebol 90 minutos de emoção e espetáculo no SC Braga, 3-Sporting, 3, enchendo de promessas as rondas que se seguem. Apesar da moldura humana, embora respeitável, não ter sido o que se deseja (57 por cento da capacidade da Pedreira), as equipas deram-se ao jogo como se não houvesse amanhã e mantiveram a incerteza até ao fim. Pena que não pudessem, ambas, levar os três pontos, já que assim, apenas um ponto no bornal, deve saber a muito pouco para quem tanto trabalhou e fez com que os corações batessem a ritmo forte.

Confesso que tinha mais dúvidas em relação aos bracarenses do que aos leões e, antes de mais, devo afirmar que a equipa de Artur Jorge foi uma agradabilíssima surpresa, não só pela inexcedível entrega, mas também pela qualidade do futebol e ainda pelas alternativas absolutamente válidas que saíram do banco. É verdade que os minhotos tiveram algumas dificuldades na coordenação defensiva, mas há que explicá-las, também, com a versatilidade do ataque do Sporting, especialmente enquanto Matheus Nunes durou e municiou a equipa para os dois primeiros golos. Já dos leões esperar-se-ia um pouco mais em termos de solidez defensiva, já que os cinco defesas que iniciaram a partida são velhos conhecidos de Alvalade. Demasiados erros e hesitações tiraram tranquilidade a uma equipa onde o estreante St. Just ainda é uma espécie de peixe fora de água. Mas Rúben Amorim (que ainda não pode estar satisfeito com o rendimento da posição seis, seja na versão Morita, seja com Ugarte) tem ao seu serviço muito talento que lhe dá garantias para estar à altura das ambições do clube.

Desta jornada inicial há ainda a referir, no que concerne à luta pelo título, as vitórias cantadas, por números gordos que nunca estiveram em dúvida, de Benfica e FC Porto frente a Arouca e Marítimo, na linha daquele campeonato que cava um fosso descomunal entre os  do topo e os outros. Águias e dragões revelaram, em estilos diferentes, solidez e ambição, ficando reservada para o dia em que tiverem compromissos mais exigentes uma outra avaliação.

Palavra final para o Casa Pia, que celebrou o regresso à I Divisão com um empate (que podia ter sido vitória) nos Açores. Parabéns.
 

ÁS – NUNO SANTOS

O extrovertido jogador do Sporting assinou, na Pedreira, um golo de bandeira, com cheirinho a Rui Jordão no Velodròme, em 1984, que fica como ponto mais espetacular do excelente duelo entre arsenalistas e leões. O risco que optou correr quando tentou um remate tão difícil foi plenamente compensado. Gol de placa!
 

ÁS – ENZO FERNÁNDEZ

O Benfica tem todas as razões para estar grato ao Vélez Sarfield, que ao eliminar o River Plate da Libertadores acelerou o processo da vinda para a Luz de Enzo Fernández. O médio argentino pegou de estaca e é, desde já, o jogador mais influente da equipa de Roger Schmidt. Não admira que Scaloni pense nele para o Mundial.
 

DUQUE – Erik ten Hag

O Manchester United de Ten Hag estreou-se na Premier League em versão mais do mesmo relativamente à época anterior e, sem surpresa, perdeu em Old Trafford com o Brighton, que está longe de ser um colosso do futebol inglês. Sem ideias nem ânimo, os red devils foram verdadeiros anjinhos a quem nem o part time de CR7 valeu.