Dádivas, débitos, dívidas e dúvidas...
Leiria representou um ‘boost’ de confiança para os leões; e a evidente fragilização do plantel do FC Porto também pode ajudar ...
A hierarquia, que resulta da tabela classificativa da Liga, vale o quê? Talvez ao final do dia de hoje, quando se encerrar a janela de transferências de janeiro, possamos ter uma noção mais precisa, mas a ideia que fica é que é mais plausível o Sporting incomodar o FC Porto (que dista seis pontos), do que o Benfica incomodar o Sporting (que dista três pontos). Os leões, depois de dois apagões de natureza diferente - mais estrutural o dos Açores, mais conjuntural, aquele frente aos arsenalistas -, puxou pelos galões na final da Taça da Liga, onde mostrou argumentos que não se veem no Benfica e que, muito provavelmente, um FC Porto sem Luis Díaz, Jesus Corona e Sérgio Oliveira terá muita dificuldade em igualar.
Os dragões, aliás, ao permitirem a saída do extremo colombiano para Anfield, abriram uma caixa de Pandora interna e colocaram-se no ponto de mira de todas as dúvidas quanto às circunstâncias que levaram o clube a uma tal necessidade financeira. Perder a joia da coroa poucos dias antes daquele que tem tudo para ser o jogo do título (FC Porto-Sporting, 11 de fevereiro, Estádio do Dragão) será sempre um golpe duro para a equipa e mais uma provação para o treinador, que tem sido capaz de tirar leite de pedras, mas que já deve estar a pensar que, um destes dias, os milagres deixarão de ser viáveis. Já em Alvalade ainda está por saber, à hora a que escrevo, se Edwards e Slimani sempre ingressam no clube e se Palhinha vai mudar de ares. Mas a verdade é que o ar que se respira no Sporting é mais despoluído do que aquele que é respirado no FC Porto.
No Benfica, dificilmente o ambiente podia ser mais pesado, tenso e tão cheio de dúvidas. Sendo certo que os encarnados estão a apenas três pontos dos seus eternos rivais, mantendo-se na luta, pelo menos, por um lugar de acesso direto à Champions, a escassa qualidade da equipa - e em Leiria nem pode dizer-se que faltou entrega -, que vale bem menos do que a soma do valor dos seus jogadores, é a mãe de todas as preocupações. A isto junta-se a dúvida, a dissipar hoje, sobre quem sai de um plantel que é tido como demasiado vasto. Haverá pesos-pesados na porta da rua? É que, das duas, uma: ou saem, por razões de balneário; ou ficam, e nesse caso, porque jogam mais que os outros, devem ser chamados à equipa. Como está é que não faz sentido...
ÁS – RÚBEN AMORIM
Vencedor de quatro dos últimos cinco troféus disputados em Portugal, Amorim já não se discute, aceita-se como grande talento que é. Ao derrotar o Benfica em Leiria, o Sporting sacudiu a pressão de Santa Clara e SC Braga e criou condições renovadas para estar no Dragão, a 11 de fevereiro, a discutir o título.
DUQUE – LUÍS FILIPE VIEIRA
Nada, do ponto de vista da Justiça, impedia Vieira de estar em Leiria a ver o dérbi. Porém, talvez o senso comum aconselhasse outro recato. De qualquer forma, teve um encontro imediato com aquilo que é a sua atual popularidade entre os benfiquistas e foi obrigado a recorrer a escolta policial para sair do estádio.
DUQUE – PINTO DA COSTA
Sendo normal que um clube português não resista ao poder financeiro de um emblema inglês, a circunstância da transferência de Luis Díaz para o Liverpool - longe da cláusula e numa fase crítica da época - revela o estado de necessidade financeira dos dragões e sugere a pergunta pertinente: porquê esta penúria?