Dadá Maravilha, Jardel e Gyokeres como os tipos dos golos feios
Gyokeres contribuiu com 29 golos para a conquista do título nacional. MIGUEL NUNES

Dadá Maravilha, Jardel e Gyokeres como os tipos dos golos feios

OPINIÃO25.05.202409:33

«Só há três poderes: Deus no Céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área»

Dadá Maravilha, Mário Jardel e Viktor Gyokeres. O primeiro, acredito, continua a ser perfeito desconhecido em Portugal. O segundo foi o maior fenómeno nos últimos 30 anos do campeonato do nosso país. Apesar do quase anonimato de um e da fama do outro por cá, Dadá Maravilha e SuperMário têm muita coisa em comum. Aliás, diria que as frases do primeiro dizem tudo sobre o segundo. Ora leia: «Só há três coisas que pairam no ar: helicóptero, beija-flor e Dadá Maravilha.»

Tome lá outra, de Dario José dos Santos a falar dele mesmo, mas que podia ser perfeitamente da autoria de um sorridente Mário Jardel de Almeida Ribeiro. «Nunca aprendi a jogar futebol pois perdi muito tempo a marcar golos.»

Dadá Maravilha soltava frases tão bem quanto punha a bola nas redes. É ainda hoje um dos maiores goleadores da história do Brasil, ídolo do Atlético Mineiro e de todos aqueles que se cruzaram com as suas famosas tiradas. Uma mais séria: «Numa equipa de futebol há nove posições e duas profissões: guarda-redes e ponta de lança.»

A carreira do atleticano Maravilha teve, como a de Jardel, muitos golos de cabeça, daí a comparação, mas acima de tudo teve isso mesmo: golos. De muitos géneros e formas, como o compatriota que veio para Portugal. Jardel, se se recorda, chegou a marcar um golo com a bunda (porque o termo em Português do Brasil tem mais musicalidade e foi esse mesmo que o SuperMário usou para afirmar que assim também vale).

«Esse sueco é muito bom, quase tão bom como eu»

25 maio 2024, 09:45

«Esse sueco é muito bom, quase tão bom como eu»

Supermário admira o fenómeno Viktor Gyökeres mas mantém, entre risos, a devida hierarquia entre ele e o sucessor nascido na Suécia. Em Fortaleza, o ex-craque celebra o título leonino, recorda o de 2002 e antevê a final da Taça de Portugal frente ao FC Porto, o seu outro grande amor em Portugal.

«Não há golos feios, feio é não fazer golos», dizia senhor Dadá, com toda a razão de um centroavante, que afirmava com letras capitais: «Só existem três poderes no universo: Deus no Céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área!» Quem viu Jardel jogar em Portugal facilmente concordará que a ideia se aplicaria também a SuperMário.

Viktor Gyokeres não é propriamente um homem só de área como Jardel; nem parece ser um homem tão criativo nas frases como Dadá Maravilha; terá mais habilidade do que o primeiro e uma velocidade de ponta parecida ao do segundo. Onde eles os três coincidem mesmo é, portanto, nos golos.

E numa frase de Dadá Maravilha. «Com Dadá em campo, não há placard em branco.»

Foi isto mesmo que sucedeu com Viktor Gyokeres no Sporting - a derrota com o SC Braga na Taça da Liga é a exceção que confirma a regra. O sueco trouxe garantia de golo como nenhum antecessor pós-Jardel trouxe.

Liedson foi um grande goleador, Bas Dost fez números grandes, mas entre a certeza de pelo menos um festejo, a influência no estilo de jogo da equipa, o modo como consumiu a mente de adversários, pelos golos tardios no Dragão, pelo título de campeão nacional, Gyokeres será o mais impactante.

É com a ideia de que com o sueco em campo a equipa marca pelo menos um que os adeptos leoninos olharão para a final da Taça de Portugal. Mas o FC Porto viverá um dia especial e, como diria Jardel numa frase que podia ser perfeitamente de Dadá Maravilha: «Clássico é clássico e vice-versa.»