Cristiano Ronaldo e o método-Sarri 

OPINIÃO10.08.202004:00

A resultadista Juventus contratou Ronaldo para ganhar finalmente a Liga dos Campeões. Ainda sob o comando de Massimiliano Allegri e depois de algumas promessas de consistência deixadas ao longo da temporada, caiu diante de um grandíssimo Ajax ainda nos quartos de final. Ao mesmo tempo, Andrea Agnelli viu un uomo che si è fatto da sè, um outro italiano de pele endurecida pelos anos e beata no canto da boca, conquistar o seu primeiro título, a Liga Europa, pelo Chelsea, depois de já ter apaixonado Nápoles sem ganhar o scudetto. Foi o fim do principado de Allegri e o início do método Sarri em Turim. A resultadista e recordista de finais perdidas Juventus acreditava que precisava de um caminho para chegar ao Graal e que seria o velho Maurizio a desenhá-lo.

Só que o homem obcecado pelo detalhe não iria ter o tempo de que precisa sempre. Também não iria contar com o seu Jorginho, que levara de San Paolo para Stamford Bridge, com 85 dos quase 200 milhões gastos em De Ligt e o restante dividido por outros quatro defesas, incluindo o ex-portista Danilo. Já Rabiot e Ramsey, livres, foram apenas oportunidades de negócio, às quais se junta a quase não inscrição de Dybala na prova milionária como nova prova do desnorte.

Pode acusar-se Ronaldo de alguma coisa? Individualmente não, porque 65 golos e 18 assistências em 89 encontros, divididos pelas duas épocas, não deixam dúvidas. Bisou inclusive diante do Lyon, no jogo da eliminação. Só que, coletivamente, o posicionamento mais estático, naquela obsessão pelo golo, pouco tem a ver com as ideias de Sarri, que ainda teve de tentar fazer de Matuidi um jogador de associação, retirando-lhe toda a expressividade box to box.
Mesmo sem conseguir aplicar o seu método, Sarri é o menor culpado. Por muito que digam o contrário.