CR7 em fúria pela Seleção, e não contra!

OPINIÃO29.03.202107:00

O episódio da braçadeira deve ser contextualizado, recusando-se demagogia e sensacionalismo. Confiança total em CR7

NÃO haverá ninguém, a começar pelo próprio Cristiano Ronaldo, que pense que atirar para o chão a braçadeira de capitão da Seleção Nacional foi a melhor forma de protestar contra a injustiça que tinha acabado de ser feita a Portugal. Dito isto, há que contextualizar e perceber a frustração do capitão da equipa de todos nós perante aquilo que, por toda a parte, foi considerado como um «escândalo no futebol.» De cabeça quente, justificadamente indignado com a miopia do árbitro assistente holandês, CR7 usou o que tinha mais à mão, naquele caso a braçadeira, para exprimir a revolta que lhe ia na alma. E é aqui que se faz toda a diferença: Cristiano Ronaldo estava em fúria pela Seleção e não contra a Seleção! Imagine-se o seguinte cenário: a páginas tantas, Fernando Santos decidia substituir CR7 e o astro da Juventus não gostava e atirava a braçadeira ao chão. Aí sim, estariam criadas condições para questionar a liderança do madeirense. Como o que aconteceu foi de natureza completamente diversa, um ato que derivou da frustração suprema pelo dano irrecuperável que acabara de ser infligido à Seleção Nacional, a ótica deve ser diferente. Cristiano usou o meio errado para manifestar a raiva certa...
A história de CR7 de quinas ao peito tem sido feita de sangue, suor e lágrimas, umas vezes de tristeza, com as que lhe correram pela face a 4 de julho de 2004, em Lisboa, ou de alegria, como aconteceu a 10 de julho de 2016, em Paris. Mas foi uma história sempre feita de entrega sem limites, desde que se estreou, a 20 de agosto de 2003, em Chaves, contra o Cazaquistão, até ao último sábado, em Belgrado. Pelo caminho estão 172 jogos e 102 golos, um Europeu e uma Liga das Nações e presenças ininterruptas em todas as fases finais das grandes competições.
A Seleção Portuguesa, que fez vibrar um povo inteiro nos Jogos Olímpicos de 1928, que encantou o Mundo na era de Eusébio e foi a sensação do Mundial de 1966, que cresceu para o mais alto patamar planetário com Luís Figo e os seus fantásticos compagnons de route, tem vivido os seus melhores anos com o reinado de CR7, que está muito perto de tornar-se no melhor marcador do futebol mundial de todos os tempos, a nível de Seleções. Por isso, recusando a demagogia e o sensacionalismo, há que remeter este episódio da braçadeira à sua real dimensão.
 

Diogo Jota

O que é que o internacional português do Liverpool tem? Numa só palavra, dá-se a resposta: golo! Por isso vale o que vale e conseguiu arranjar espaço entre Mané, Firmino e Salah. Notável a evolução deste jogador desde que chegou a Inglaterra, e a ideia que fica é que ainda está longe do seu potencial.
 

Alexander Ceferin

Indesculpável que a UEFA não tenha criado condições para que os jogos de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2022 beneficiem do VAR. Sem poder invocar, por razões óbvias, limitações financeiras, a entidade de Nyon, que costuma pautar-se pela competência, está a prestar um mau serviço ao futebol.
 

Mário Diks

Árbitro assistente, internacional, 43 anos, Mário Diks passa à história do futebol como aquele que não viu a bola rematada por Cristiano Ronaldo entrar meio metro na baliza da Sérvia, antes de ser aliviada por Mitrovic. Faltou-lhe o VAR, é certo, mas mesmo assim tinha obrigação de fazer melhor.