Conversa empalhada e... palhinha!

OPINIÃO28.11.202002:00

Na segunda-feira passada, depois de um fim-de-semana de recolhimento obrigatório e proibição de mudar de concelho, apontei direito a Lisboa, não para o meu lugar no Estádio de Alvalade, mas para o meu estádio situado na minha sala, onde me tenho deliciado e entusiasmado com as exibições do Sporting. Eu que nunca gostei muito de futebol na televisão, sobretudo no que aos jogos do meu clube respeita, agora, depois de ser apanhado pelo maldito vírus, continuo preso e recolhido por causa deste!
Fiquei muito agradado mais uma vez, sobretudo, pelo resultado, porque 7 a 1 é sempre um bom resultado, seja com o Sacavenense, seja com o ... Benfica! Rapidamente passei da Sport TV para o Canal Memória, das boas memórias do meu tempo de dirigente!
Quando o jogo acabou, quase inconscientemente, agarrei numa folha de papel e numa esferográfica e comecei a escrever os nomes dos jogadores que acabavam de se exibir e os que estavam no banco e depois acrescentei os nomes dos que não haviam jogado este jogo e que têm sido titulares. E foi agradado que concluí que o Sporting tinha 25/26 jogadores bons, ou seja, um plantel muito equilibrado e muito competitivo interna e externamente. Há muito tempo que não via isto no Sporting!
Não obstante esta qualidade que a cada domingo se afirma, teima-se em diminuir o mérito do trabalho que está a ser feito pelo treinador e pelos seus jogadores, dando-se uma ênfase nunca antes vista ao facto de o Sporting não estar nas provas europeias. Está bom de ver que não passa de uma tentativa de branquear a incompetência e os actos de novo riquismo que não tiveram o sucesso desejado e anunciado com alguma fanfarronice! Na verdade, aquilo que o Sporting tem feito é jogar e ganhar os seus jogos, com excepção do jogo do Porto, campeão em título, que empatou, e jogar de forma agradável, combinando, de forma excelente, a ambição e a humildade - mérito do treinador, que lidera o grupo de forma categórica, que comunica como há muito se não via, tudo isto com os pés assentes no chão.
O Sporting faz o seu trabalho em função daquilo que se lhe depara. Se os outros investem milhões e não conseguem ganhar ao Boavista, e a outros, porque têm muitos jogos em pouco espaço, que culpa tem o Sporting disso? Como é que assim se consegue ser grande na Europa? É por isso que a nossa Selecção cresceu da maneira que cresceu: passaram a jogar em alta rotação, com vários jogos e várias competições ao mesmo tempo. É a isto que se chama alta competição!
O que vale é que o Rúben Amorim, independentemente da injustiça, deve-se estar, como eu estou, nas tintas, para que eles se enganem assim uns aos outros. Vamos continuar jogo a jogo, com entusiasmo, mas sem euforias, e, por favor, não vendam... o Palhinha!

Cash...com fita cola

Éverdade que as eleições do Sport Lisboa e Benfica não deixaram dúvidas quanto ao vencedor - Luís Filipe Vieira. Os contendores, terminado o acto eleitoral, não colocaram em dúvida o vencedor. Tanto basta para Luís Filipe Vieira se sentir legitimado em todos os aspectos que entender e que digam respeito ao clube. Não é menos verdade, porém, que o voto é a mais importante arma do povo em regime democrático, pelo que deve ser respeitado e não desvirtuado por ilegalidades ou irregularidades. Cada eleitor, seja qual for a eleição, tem direito a que cada voto que entra na urna seja secreto e respeitado no sentido de corresponder à sua vontade.
Portanto, em minha modesta opinião, se não há duvidas sobre o resultado irreversível da votação, julgo que são legítimas as dúvidas sobre se é fiável o voto electrónico, quer quanto ao secretismo, quer no que respeita à contagem de votos. Os processos, quaisquer que eles sejam, em democracia têm de ser insuspeitos e transparentes. O uso do voto electrónico é cada vez mais utilizado em actos eleitorais de instituições públicas e privadas, mas não será por acaso que, já tendo sido testado, as eleições presidenciais, legislativas e autárquicas continuam com o depósito em urna do voto físico! Significa isto que o voto electrónico não é 100% fiável. Se se constatar que foi, melhor; se se detectarem irregularidades ou deficiências também poderão ser úteis para o aperfeiçoamento do sistema ou castigo de eventuais prevaricadores. Acho que a recontagem se justifica à luz de todos os princípios da democracia e da transparência. Quem não queira a recontagem deixa-se ficar sob uma inultrapassável desconfiança ou suspeita, quando ganhou de forma clara. Quem não deve, não teme. Se fosse eu o vencedor, não pedia, mas exigia!
Estas considerações são mais que suficientes para justificarem uma recontagem. Quando vimos aquela urna de Famalicão selada com uma fita-cola julgámos ser um filme de apanhados! Apanhados foram. Se foi a brincar ou a sério, eis a dúvida. Quem não terá duvidas será Luís Filipe Vieira, especialista em palhaçadas eleitorais!
A propósito de transparência, li o artigo do Público sobre uma trapalhada de um jogador marroquino. Fiquei surpreendido, não com a questão de fundo, mas com o facto de nela estar envolvido o Benfica de Vieira. Não é habitual!

Reinaldo Teles

Mais um do meu tempo que desaparece! Era um dirigente adversário, mas quando estava com os adversários recebia-os com simpatia e gentileza. Sempre apreciei isso nele, bem como o seu sentido de lealdade, que devia ser um exemplo a seguir em todos os clubes!
Foi atleta do Sporting, na modalidade que praticou, e na qual acabou por conhecer, segundo me disseram, Pinto da Costa. E se bem me lembro, ele foi para o Sporting para ser treinado pelo Ferraz.  Foi o próprio Reinaldo Teles que me contou isso no funeral dessa grande figura leonina do boxe.
A última vez que estive com Reinaldo Teles foi no sorteio da Liga NOS e há muito tempo que não nos encontrávamos. A sua humildade e simplicidade não o impediu de exuberantemente me ter cumprimentado, apesar de os afectos entre as pessoas estarem muito confinados. Maldito vírus que matou uma boa pessoa, que ainda há meses me havia manifestado a sua solidariedade quando a mesma doença me atacou. Há muito que não nos víamos, mas ele não deixou de me dar um abraço por SMS. Este é o lado bom do futebol: aquele que se vive para além das quatro linhas, isto é, no campo das relações humanas. Recordo, a propósito e com tristeza, outro bom amigo do FCP que, fará em breve cinco anos, também nos deixou: Pôncio Monteiro!
À família de Reinaldo Teles e ao Futebol Clube do Porto, na pessoa do seu presidente, os meus sentidos pêsames!