Começa hoje a segunda era de JJ na Luz

OPINIÃO03.08.202004:00

A apresentação de Jorge Jesus como novo treinador do Benfica, que terá lugar hoje, deverá servir não só para olhar o futuro nos olhos, mas também para colocar uma pedra sobre as desavenças passadas entre o treinador e o clube. Muita água correu debaixo das pontes desde que Jesus saiu da órbita encarnada, muito mudou - e não foi só a pandemia a alterar-nos a vida - e a parada desta segunda vinda de Jesus à Luz é incomensuravelmente mais alta do que aquela de 2009, quando Luís Filipe Vieira viu no ex-técnico do Flamengo a pessoa certa para criar uma equipa capaz de disputar a hegemonia do futebol português ao FC Porto.

Em julho de 2009, ao momento da entrada de JJ no clube, o Benfica tinha ganho um Campeonato Nacional (2004/2005, Trapattoni), dos últimos dez que disputara; hoje, Jesus toma posse num contexto em que o Benfica venceu cinco dos últimos sete campeonatos que jogou.

Parece evidente, pois, que o nível de exigência dos adeptos encarnados subiu bastante, e que a questão política, com eleições previstas para o fim de outubro, também vem apimentar a questão da nova equipa, dos reforços, das ambições e das metas.

Mas, se o Benfica está diferente, que dizer então de Jesus, que chega à Luz como campeão do Brasil e da América do Sul e vice-campeão do mundo? Não é, seguramente, o mesmo JJ que aterrou no Seixal vindo de Braga, com todas as ilusões do mundo. Hoje, a responsabilidade de Jesus é maior (a experiência e a capacidade, também), e não me parece razoável sequer pensar que não exigiu, para aceitar o cargo, garantias de que terá meios para gerir um projeto de sucesso. Ao contrário de todas as outras épocas de quem temos memória, desta feita vai ser tudo muito rápido, aos jogadores ainda no último sábado foram desejadas boas férias e no dia 10 já estarão a apresentar-se ao serviço. Quantos? Quem? E quais serão as novidades?  Para todas estas questões haverá uma resposta muito em breve. Com tudo o que está em jogo, desde o orgulho de Jesus à necessidade do Benfica não falhar a Champions, sem esquecer o ato eleitoral onde a concorrência a Filipe Vieira será a maior de sempre, só uma aposta forte na equipa poderá apagar o fiasco que foi 2019/2020 e colocar o atual presidente em zona de conforto eleitoral.