Cinco vitórias são sinónimo de retoma?

OPINIÃO17.12.201803:00

Cinco jogos, cinco vitórias, nove golos marcados e nenhum sofrido, eis o registo do Benfica desde que foi protagonizada a rábula do sai-Vitória, fica-Vitória, na sequência da goleada em Munique. Olhando para os números, será inevitável concluir por uma impressionante retoma. Porém, uma análise mais fina irá contar uma história diferente. Se fosse totalmente verdade que os analistas reagem em função dos resultados -tem razão quem ganha, está condenado quem perde - nas linhas que se seguem seriam tecidas loas a Rui Vitória. O que é exatamente o contrário da minha visão...


Peguemos no jogo mais recente do Benfica, no caldeirão dos Barreiros. Jonas, pelo que aporta em qualidade, esteja ou não na plenitude das suas faculdades, Zivkovic, que assinou uma exibição consistente, e Gedson, a quem se pede o rendimento de três no meio-campo do Benfica, foram exceção num mar de vulgaridade, que terminou com os benfiquistas de coração na mão e credo na boca, quinze minutos finais de assédio maritimista, aceite por uma equipa incapaz de fazer girar a bola com um mínimo de assertividade, que optou por substituições conservadoras, sem ganhos de produtividade.


O Benfica debate-se com problemas de três naturezas diferentes: o primeiro será a insistência de Rui Vitória em jogadores que estão a valer menos de metade do que fazem em condições normais, com tremendo prejuízo para a dinâmica do coletivo. Pizzi está uma sombra do que vale e Fejsa defende-se, remetendo-se a um trabalho na cabeça da área, como faziam os trincos brasileiros da década de oitenta, carinhosamente tratados por limpa-pára-brisas. Esta circunstância explica a seguinte, que tem a ver com a forma anárquica como é feita a pressão alta. Para proceder a este movimento coletivo, ou todos participam ou é melhor optar pela marcação à zona. E o estado de afinação do Benfica neste particular deixa muito a desejar. Finalmente, a enquadrar as duas circunstâncias anteriores, está a situação psicológica do grupo, abalada pelas dúvidas até Munique e sem respostas concretas quanto à solidez da posição do treinador. De tudo isto resulta a contradição inicialmente identificada, de cinco vitórias seguidas, nove golos marcados e nenhum sofrido, darem escasso alento, de olhos postos no futuro. Antes do Natal, o Benfica recebe o SC Braga. Uma final marcada para a Luz...