Champions ‘lusa’ em três continentes

OPINIÃO24.07.201901:44

Pedro Martins, treinador do Olympiakos, deu ontem na belíssima cidade checa de Pilsen o pontapé de saída português na Champions de 2019/2020 num jogo que foi transmitido pela nossa A BOLA TV. Pedro Martins é um dos cinco treinadores nacionais envolvidos na máxima competição europeia e um dos três, ao lado de Abel Ferreira (PAOK Salónica) e Sérgio Conceição (FC Porto), obrigado a ultrapassar pré-eliminatórias para chegar à fase de grupos e consequente pote de milhões - onde já têm assento Bruno Lage (Benfica) e Luís Castro (Shakhtar Donetsk). Martins  entrou ontem em ação (2.ª pré-eliminatória), Sérgio e Abel só avançam na 3.ª pré-eliminatória e contra adversários muito diferentes. O FC Porto, uma das oito melhores equipas da Europa a julgar pelos resultados da última edição, tem pela frente o estreante russo Krasnodar. A viagem é longa (quase 5 mil km), o adversário tem a vantagem de se encontrar mais rodado - a Premier russa começou a 12 julho - e o FCP encontra-se em fase de reconstrução/afinação depois da forte sangria sofrida no defeso - Sérgio perdeu 7 elementos do núcleo duro: Casillas, Maxi, Felipe, Militão, Herrera, Óliver e Brahimi, faltando saber se Marega e Danilo são para continuar. Mas é evidente que o FCP, sendo o que é na Europa, tem quase obrigação de passar esta eliminatória. O contrário seria um escândalo semelhante à putativa eliminação do poderoso Ajax (embora amputado de Frenkie de Jong e De Ligt) pelo PAOK de Abel Ferreira, que não foi propriamente feliz no sorteio.
Da Europa para a América do Sul, onde a Champions dá pelo nome de Taça dos Libertadores. A competição vai para os oitavos de final e o Flamengo de Jorge Jesus joga na madrugada de amanhã com os equatorianos do Sport Emelec em Guayaquil, no Estádio George Caldwell. Ao contrário de Quito, que fica quase a 3 mil metros de altitude, Guayaquil está ao nível do mar. Dessa desvantagem está o Flamengo safo, embora Jesus, que cumpre o seu 128.º jogo em competições internacionais de clube (!), se debata com algumas baixas importantes - os médios Everton e Arrascaeta e o extremo Vitinho. Há curiosidade em saber como vai Jesus estrear-se na histórica Liberta, ele que tem larga experiência neste tipo de compromissos: lembre-se que acumulou 54 jogos na Champions europeia com Benfica (38) e Sporting (16); mais quatro jogos (quatro vitórias a zero) na Liga dos Campeões Árabes com o Al Hilal; mais 68 jogos na Taça UEFA/Liga Europa ao serviço de Belenenses (2), SC Braga (8), Benfica (40) e Sporting (14). Mesmo tendo um treinador tão experiente e um plantel valioso para a realidade brasileira, não se pode dizer que o Flamengo seja candidato óbvio a um lugar na final da Libertadores, marcada para 23 novembro no Estádio Nacional em Santiago do Chile. Tenho referido aqui e em A BOLA TV várias vezes a posição do Flamengo como potência secundária no contexto brasileiro, acrescento que a falta de competitividade internacional do Fla é por demais evidente se analisarmos o que tem sido o desempenho dos clubes brasileiros na Libertadores no séc. XXI. A folha de serviços do Flamengo é paupérrima: só por uma vez atingiu os quartos de final (em 2010, liderado por Rogério Lourenço), enquanto seis dos seus rivais domésticos ganharam a prova - Internacional por duas vezes (2006 e 2010), São Paulo (2005), Santos (2011), Corinthians (2012), Atl. Mineiro (2013) e Grémio (2017) - e quatro outros chegaram à final… perdendo-a: Palmeiras (2000), São Caetano (2002), Atl. Paranaense (2005) e Fluminense (2008). Além do Flamengo há mais cinco equipas brasileiras em prova: Cruzeiro (joga com o campeão River Plate), Atl. Paranaense (Boca Juniors), Palmeiras (Godoy Cruz), Internacional (Nacional de Montevideu) e Grémio (Libertad).


Termine-se com os três treinadores portugueses a competir na Champions asiática, que se encontra nos oitavos de final para os clubes da região próximo/médio Oriente, e nos quartos de final na região mais oriental. Na primeira, temos Rui Vitória e os sauditas do Al-Nassr a enfrentarem o Al Wahda (do Abu Dhabi) a 5 e 12 agosto. Quem ganhar jogará nos quartos de final com o vencedor do duelo (a 6 e 13 agosto) entre equipas do Catar: o Al Duhail de Rui Faria contra o Al Sadd de Xavi Hernández, acabado de suceder a Jesualdo Ferreira. Pode acontecer um Vitória-Faria nos quartos. Na região oriental, Vitor Pereira, campeão da China com o Shangai Sipg, eliminou os sul-coreanos do Jeonbuk (treinado por José Morais) nos oitavos de final e vai jogar nos quartos com os japoneses do Urawa Red Diamonds, a 27 agosto e 17 setembro. Era muito bom que dos três portugueses houvesse pelo menos um na final, em novembro - o jogo decisivo é no dia a seguir à final dos Libertadores. E se…?
PS - Ausente nos próximos quinze dias por motivo de férias: tréguas aos leitores! Até breve.