Cama, estudos, bacalhau e surf

OPINIÃO28.09.201804:00

1. Rúben Ribeiro dizer que está sem jogar por culpa do Sporting depois de ter rescindido unilateralmente com o clube é o mesmo que eu bater com o dedo mindinho do pé na esquina da cama e dizer que a culpa é da cama.

2. A cerimónia de homenagem a Luisão foi bonita, digna, com elevação mas não teve público. É o mesmo que comer um bacalhau espiritual com ingredientes divinais mas o bacalhau ter ficado demasiado tempo de molho e ter perdido o sal todo.

3. Cada vez que vejo aqueles programas interessantíssimos nas televisões oficiais dos clubes com acusações aos rivais e louvores à moral própria só me lembro de uma obra literária de Gabriel García Márquez: Memórias de minhas...

4. José Peseiro está ao nível dos melhores chefs de cozinha mas tem faltado sempre alguma coisa: ou se esquece de empratar como deve ser ou o empregado de mesa espeta com o prato no chão antes deste chegar ao cliente...

5. A comunicação do Sporting era um mar revolto com Bruno de Carvalho, passou a ser um lago suíço com Frederico Varandas. Nem tanto nem tão pouco, até porque os adeptos precisam, por vezes, de surfar algumas ondas.

6. Num país demasiado futebolístico, os feitos de outras modalidades passam despercebidos.  Mas não é difícil, caro leitor, recorra a tecnologia e veja o golo do andebolista do Sporting Carlos Ruesga no último jogo da Liga dos Campeões.

7. Julgo que não é preciso ter quatro doutoramentos em futebol para perceber que Nakajima, do Portimonense, é craque do cocuruto da cabeça à unha do dedo grande do pé. Os grandes gostam mais, se calhar, de apostar no scouting e fazer inúmeras observações fora de portas, analisar os jogadores dos mais variados ângulos; fazer estudos antropológicos, sociológicos e antropomórficos sobre as características dos atletas, Mas, por vezes, é tudo muito simples: basta ter olhos na cara.