‘Buona fortuna’, Rui Patrício
Rui Patrício vai mesmo partir. Em minha (e suspeita, neste caso) opinião, havia um destino melhor que a baliza do clube de Diego Armando Maradona: Anfield, Liverpool ! Depois do que se viu na final de Kiev, é mais que evidente que o nosso Rui estaria mil vezes mais apto para defender a baliza dos reds que o teutão Loris katastrofius Karius e o belga Simon franganon Mignolet. Mas a vida é o que é, não o que nós queremos. De qualquer maneira, vai Rui Patrício para um grande clube italiano - agora treinado por um cavalheiro do futebol mundial, Carlo Ancelotti - cujos adeptos, calorosos e emotivos, certamente o receberão de braços abertos… assim que saibam os tormentos inadmissíveis por que passou Patrício nos últimos dias em Alvalade. O internacional Mário Rui também ajudará à adaptação, como é evidente. O Nápoles tem uma bela equipa de futebol e só não ganhou o scudetto (terminou em segundo com 91 pontos!!!!) porque a Juventus é realmente insuperável - heptacampeã, vai com quatro dobradinhas seguidas. Mas é um desafio estimulante tentar destronar o monstro de Turim, e Ancelotti, diga-se, tem o que é preciso para a empreitada: por algum motivo ele é o único treinador que foi campeão em quatro das cinco ligas ditas big five (Itália, com Milan; Inglaterra, com Chelsea; França, com Paris SG; e Alemanha, com Bayern). Quem conseguir triunfar com este Nápoles ficará na história como ficaram Maradona, Careca, Alemão e os treinadores Ottavio Bianchi e Alberto Bigon, os homens que levaram os azuis-celestes aos títulos de 1987 e 1990. Tenho bem presentes as conversas [nos estúdios da Bola TV] com Luís Vidigal, que jogou no Nápoles entre 2000 e 2004: com que emoção ele fala do clube, da cidade e dos adeptos, passados tantos anos !...
Buona fortuna (boa sorte) é o que todos desejamos ao guarda-redes que foi o principal herói do Euro 2016, a maior vitória de sempre do futebol português. Um dos poucos jogadores destes tempos conturbados que se elevou acima da lei da clubite - não conheci benfiquista e portista que não estimasse o keeper sportinguista - Rui Patrício parte para a série A com um estatuto idêntico ao que Vítor Baía tinha quando foi para o Barcelona em 1996 (onde não se conseguiu impor). Mas o exemplo que o deverá inspirar é outro e bem mais antigo: falamos do melhor guarda-redes português numa liga estrangeira de topo, o lendário Vítor Damas, que foi ídolo nos espanhóis do Racing de Santander entre 1976 e 1980.
Renato, Benfica e Mendes
Renato Sanches quer retomar a carreira após dois anos a marcar passo. Começou por não convencer no Bayern e depois foi flop no Swansea. Pelo caminho, deixou de ir à Seleção Nacional. É natural que Renato veja com bons olhos o regresso ao Benfica como forma de recuperar a confiança perdida. Também é natural que Jorge Mendes, agente de Renato e partner do Benfica, veja com bons olhos o regresso de Renato à Luz. Não é bom ter um ativo valioso (vendeu-o por 35 milhões) a desvalorizar tanto em tão pouco tempo. Luís Filipe Vieira nunca recuperou jogadores vendidos por empréstimo, ainda para mais com a obrigatoriedade (imposta pelo Bayern) de pagar a totalidade, ou quase, do salário do jogador (€1,5 milhões/ano); mas acredito que o próprio Vieira veja no regresso de Renato não só um fator capaz de empolgar os benfiquistas… mas também de lhe melhorar a imagem junto dos adeptos, após um ano marcado por embaraçosos casos judiciais e muitas perguntas [ainda] sem resposta. A minha dúvida é se o Renato que regressa a um campeonato menor como o português será o mesmo Renato que entusiasmou os benfiquistas e o selecionador Fernando Santos entre janeiro e julho de 2016. Talvez venha a ser. Até porque ele é muito novo e continua com todas as possibilidades de acertar o passo. Facto é que nestes dois últimos anos, não importa os motivos, Renato perdeu o élan que o fazia parecer imparável. Talvez não tenha sido acompanhado como devia quando partiu deslumbrado para a Alemanha, com 18 anos. Nem todos podem ter a maturidade de um Luís Figo na hora de fazer as malas para um grande clube estrangeiro. Talvez Renato não tenha escolhido bem o clube seguinte (o pequeno Swansea) quando se tornou óbvio que não havia lugar para ele no meio campo do Bayern. Talvez Renato seja, afinal, um miúdo a quem aconteceu tudo muito depressa e que, por isso, precisa de alguém que o faça voltar à terra - e que lhe diga, por exemplo, que não é boa ideia lançar uma coleção personalizada de emojis no dia em que o clube onde era suposto jogar (Swansea) desce à segunda divisão.
Há cerca de quinze dias, confrontado com a situação de Renato, o diretor-geral do Bayern, Karl-Heinze Rummenigge, disse que o médio português seria integrado: «[Renato] vai voltar. O Niko Kovac [novo treinador do Bayern] vai tentar devolvê-lo à sua antiga forma e qualidade. Será um desafio interessante». Veremos para onde segue Renato. Para o campeonato português será uma boa aquisição, mesmo não sendo certo que Renato consiga evoluir nas mãos de Rui Vitória como se calhar podia evoluir com Carlo Ancelotti (novo treinador do Nápoles) que, segundo o Corriere dello Sport, estaria disposto a levá-lo por empréstimo para Itália. Mas por vezes é preciso dar dois passos atrás…