Bruno Fernandes e Sérgio Conceição
BRUNO FERNANDES. Foi o melhor jogador do ano 2018 para A BOLA. Justo e lógico. Na entrevista que concedeu aos jornalistas Nuno Raposo e Mário Rui Ventura, soltou uma frase que retive: «Não sou um 10 puro.» Admito que não. Bruno Fernandes é um organizador que executa como um número 9 e um número 9 que pensa como um número 10. Quero acreditar que não seria assim há 20 anos, antes do futebol castrar o regista em nome da «intensidade», da «verticalidade» ou da «velocidade». O momento de charneira terá sido quando Del Piero foi obrigado a tornar-se um avançado; quando se pedia mais golo e menos cérebro. E os grandes jogadores, quando são muito bons, adaptam-se. É o caso do médio do Sporting.
SÉRGIO CONCEIÇÃO. Foi o Homem do Ano para A BOLA. Justo e lógico. Na entrevista que concedeu ao jornalista Paulo Pinto soltou uma frase que retive: «A indisciplina gere-se sem levantar grandes ondas ou a chutar baldes.» É verdade que o treinador do FC Porto ferve em pouca água, que muitas vezes são os jogadores a acalmá-lo em campo quando deveria ser ao contrário, mas aquela frase revela um dos segredos da sua liderança: é dono de uma inteligência emocional muito acima da média e é, talvez, o ponto em que mais evoluiu, tal como a humildade de reconhecer a necessidade de aprender. Vejo nele a chama de Jorge Jesus mas não o imagino, por exemplo, a reduzir o papel dos adjuntos como fez recentemente o treinador do Al-Hilal. Sérgio Conceição percebeu que só cresce na partilha de conhecimento, o que é meio caminho andado para acompanhar tendências e não perder mundo. Se tivesse de compará-lo, diria que se parece muito a Diego Simeone. Pelo futebol que pôs o FC Porto a jogar e pelo tipo de líder que é.