Breves notas!...

Breves notas!...

OPINIÃO15.03.202305:30

Para mudar a arbitragem é necessário haver senso crítico, saber o que se quer e para onde se vai

EM Portugal não se discute, nem se critica a arbitragem, mas apenas as arbitragens. E não se discute nem se critica a arbitragem, porque discutir e criticar não é deitar abaixo como muita gente imagina. Discutir e criticar é substituir uma organização por outra organização, e é exatamente por isso que ninguém está interessado em discutir a arbitragem: os principais agentes desportivos, à cabeça dos quais estão os árbitros, mesmo os reformados, querem que tudo fique como está.

Na verdade, ninguém se mostra interessado em discutir a arbitragem com o propósito de a aperfeiçoar ou a renovar, isto é, com sentido crítico. A própria comunicação social (mas não só) prefere a má língua e o voyeurismo, porque isso é que dá audiência, e são as audiências que dão aquilo com que se compram os melões.

Mas os dirigentes dos clubes também se não mostram propensos a discutir a arbitragem no sentido da conformidade ou desconformidade com um certo tipo de organização, sendo uns por falta de preparação e outros porque apenas estão interessados em substituir o controle de uns pelo seu próprio controle e domínio. Tem sido assim e vai continuar a ser, salvo honrosas excepções, para confirmar a regra.

Para mudar a arbitragem é necessário haver senso critico, isto é, saber o que se quer e para onde se vai, e consequentemente, ter a capacidade necessária para não se recusar o que que não se quer e não se deixar ir sem saber para onde o levam. Ora, os árbitros que ainda arbitram estão bem como estão e os que se reformaram e passaram a comentadores também não estão muito interessados em mudar o que quer que seja, dentro do sentido corporativo de que errar é humano, mesmo quando o humano erra porque quer ou é incompetente. Convém a todos a opacidade da arbitragem, o silêncio e a falta de quaisquer explicações, pela simples razão de que o inexplicável não se explica com um corporativismo bafiento. Este corporativismo vai ao ponto de ser um organismo corporativo - a APAF - a controlar a arbitragem e a fazer queixinhas em nome dos árbitros, sem qualquer espírito de renovação ou alteração do sistema.

No outro dia, mandaram-me um whatsapp com a seguinte afirmação: «Devido à velocidade da luz ser superior à velocidade do som, muitas pessoas parecem inteligentes ate as ouvirmos». Pedro Henriques, uma das honrosas excepções no comentário sobre arbitragem, isto é, um comentador credível e construtivo, lamenta a falta de comunicação do Conselho de Arbitragem que sempre se remete ao silêncio sobre os erros evidentes e prejudiciais à verdade desportiva. Pois é: a razão está em que aos árbitros se aplica aquele enunciado princípio, bastando apenas substituir inteligentes por ... inocentes!


O PINHEIRO É ...? 

Opinheiro - designação dada a várias árvores do género Pinus, da família das pináceas - é, naturalmente, verde. Mas o Pinheiro, de que vos falo, apelido precedido do nome próprio João é, naturalmente, avesso ao verde.

Desse Pinheiro, de que não sei a cor, mas desconfio, vi escrito o seguinte, relativamente ao jogo Sporting-Boavista:

Duarte Gomes: «Exibição manchada por lance de penálti não marcado a favor do Sporting. Erro mais relevante da partida. Francisco Trincão com a bola controlada e a distância jogável, protegeu a sua posse com o corpo (pode fazê-lo). Nesse momento foi carregado nas costas (corpo e anca) por Pedro Malheiro, que em corrida na sua direção, derrubou-o por força de abordagem imprudente. O lance devia ter sido sancionado com pontapé de penálti e o defesa do Boavista expulso com vermelho directo: a infracção cortou uma clara oportunidade de golo e aquele tipo de carga não pressupõe tentativa de disputar a bola. Errou o árbitro em lance de interpretação».

Jorge Faustino: «Trincão tinha a frente do lance ganha quando Malheiro, sem conseguir jogar a bola, o empurrou pelas costas de forma evidente. Penálti por sancionar favorável ao Sporting».

Marco Ferreira: «Trincão entra na área e cai após ser empurrado e rasteirado pelo defesa. Trincão tem a posição ganha, com a bola à sua frente, quando é empurrado e rasteirado por trás. Penálti por assinalar e vermelho por exibir.»

Perante estas opiniões, interrogo-me dos motivos pelos quais o árbitro João Pinheiro erra sempre - e de forma grave - contra o Sporting, influenciando o resultado final, que aliás, desta vez, não conseguiu? Em quantos jogos consecutivos já vai, em que interpreta, como agora está em uso, sempre contra o Sporting?!

Os comentadores, como é habitual, ficam-se pela análise do lance, sem qualquer comentário explicativo, juntando-se ao silêncio das outras entidades, deixando para outros, como eu, que julguemos segundo a nossa convicção, tal como os juízes dos tribunais o fazem!

Assim sendo, não consigo abalar a minha profunda convicção de que tantos erros sempre contra o mesmo, não podem ser por acaso ou simples coincidência, sobretudo, quando os corporativistas o apontam como melhor árbitro português. Talvez por isso, isto é, quando o melhor tem este nível, é que não tivemos ninguém na fase final do Mundial de 2022. E nem falo no VAR, Rui Costa de seu nome, e tido, por unanimidade, como o mais incompetente de todos os que arbitram, ao vivo e sentado, e que já não devia andar a arbitrar há muito tempo. Mas aguenta-se, mesmo que seja de cócoras!...

Quando o Sporting não faz golos, alguns dos nossos adeptos e comentadores dizem que seria necessário ter um pinheiro lá na frente que os marcasse; por mim já ficaria contente se o Pinheiro nos não arbitrasse!...
 

PINTO DE SOUSA

TENHO pena de envolver Pinto de Sousa nestas minhas breves notas, duas das quais dizem respeito à arbitragem portuguesa. Contudo, não podia deixar de o fazer quando tive conhecimento do seu falecimento.

Também tinha ou viu-se apanhado por alguns vícios do sistema de arbitragem, apesar de não ser árbitro, nem da APAF, que já nem lembro se existia no seu tempo de Presidente do Conselho de Arbitragem. De qualquer forma, não vou agora falar disso, porque respeito a sua memória e não está cá para me contrariar. Tenho muitos defeitos, mas só falo de olhos nos olhos!

Posso dizer, no entanto, que foi um dos poucos senhores, senão mesmo o único senhor, que conheci na arbitragem, e que procurava com bom senso, diplomacia e esmerada educação e simpatia, apaziguar os ânimos dos dirigentes mais exaltados, perante os erros dos árbitros, tendo a humildade de, em nome destes, pedir desculpa.

Recordo que após o jogo dos 7-1 ao Benfica, o Sporting foi espoliado em Guimarães por um árbitro também avesso ao verde e adepto e simpatizante do vermelho, no futebol e não só: Veiga Trigo de seu nome, aliás, de triste memória!

Não foi assinado um penálti por derrube a Silvinho, que não era preciso estar naquela cidade para ser visto. Veiga Trigo, não fez vista grossa, mas grosseiramente parcial!... No dia seguinte, Pinto de Sousa convidou-me a mim e ao Dr. Amado de Freitas, então Presidente do clube, para almoçar e, com grandeza e humildade, pediu desculpa, como disse, não a nós, mas ao Sporting Clube de Portugal, pelo erro grosseiro do árbitro. Assumir as culpas dos comandados não está ao alcance de todos e só mostra que o melhor líder para a arbitragem não é forçosamente um árbitro, antes pelo contrário. Paz à sua alma e os meus sentidos pêsames à sua família.


PATRÍCIO GOUVEIA

OUTRA nota de pesar por um grande amigo e um grande sportinguista que partiu deixando mais pobres os amigos e o nosso clube. Quando anteontem cheguei à Basílica da Estrela para lhe prestar a última homenagem, o Pedro Baltazar - outro grande amigo de Patrício Gouveia - deu-me um abraço ao mesmo tempo que me dizia que ele gostava muito de mim. E a verdade é que sempre senti isso, que sempre tive provas dessa amizade, e por isso sempre lhe retribui essa amizade e acho que ele também sentia isso.

Ambos vivíamos o Sporting com grande intensidade e foi essa intensidade que nos uniu, apesar de algumas discussões por força dessa vivência intensa do Sporting. Poderia contar aqui inúmeros episódios dessa vivência, mas não teria espaço hoje para tanto, alguns bem reveladores do seu grande e incondicional amor pelo Sporting.

Não resisto, porém, ao que contou a sua esposa quando lhe manifestava o meu pesar: o Alexandre não partiu sem antes fazer sócios do Sporting a enfermeira que o assistia e o filho desta. Já em grande sofrimento, continuou até ao fim a servir o Sporting.

Sentidos pêsames à esposa, à filha e à irmã, e para a mim fica a certeza de que adeptos desta natureza - esforçados, dedicados e devotos - nunca deixarão que o Sporting deixe de ser grande -  a maior potência desportiva de Portugal e um dos maiores clubes da Europa e do Mundo.