Dérbi Benfica-Sporting na Netflix

OPINIÃO07.05.202507:42

Se isto não é digno de filme, se isto não é uma história grandiosa de uma época e da paixão do Dérbi Eterno, se o futebol português não a consegue vender cá e lá fora, então, meus caros, «I rest my case», não sei mais o que é preciso.

São mais de 300 jogos, duas histórias centenárias, duas cores que pela força do seu simbolismo se tornaram opostas. É o continente e as ilhas, é a Europa, as Américas, África, Ásia e Oceânia e se houvesse portugueses nos Pólos seriam também o Norte e o Sul.

É família dividida pela rivalidade, amigos a quem se daria tudo menos a vitória num dérbi. Sobretudo, este. É o maior estádio do país a receber o maior jogo que a história dos campeonatos proporcionou. É o Benfica com a vantagem de público, é o Sporting com a vantagem do empate.

O caminho até aqui e o que resultar de sábado merecia 90 minutos na Netflix: 2024/25 teve o enredo perfeito. Feche os olhos, ponha música emotiva. Começamos com imagens da conquista leonina no Marquês e aquela frase de Ruben Amorim a deixar cair o microfone; a incerteza no Benfica sobre a continuidade de Schmidt e Rui Costa a assumir que sim; um Sporting em modo perfeito e um Benfica em modo errático, com um fecho de mercado em ebulição e Lage a chegar à Luz por troca com o alemão.

Depois, o terramoto Manchester United. Alvalade a abanar e treinador fora; o período João Pereira, o Benfica a passar para a frente, Rui Borges chegar e o Sporting voltar ao topo, com a primeira parte deste dérbi. Jogaço em Guimarães, de onde Borges saiu, para um 4-4 épico e a alimentar a esperança encarnada que, no dia seguinte, perdeu com o SC Braga na Luz…para logo bater o rival leonino, numa Taça da Liga entre ambos…para ainda em janeiro perder 3-1 com o Casa Pia e sair a público um áudio de Lage com adeptos, que deixou o Benfica em polvorosa...

É a águia a seis pontos do leão líder, que sofre uma praga de lesões e vê o rival a encurtar e a ter uma vitória histórica no Dragão. É o golo na compensação do SC Braga em Alvalade e o golo nos descontos do Arouca na Luz. É a aflição encarnada no Estoril e o golo de Quaresma com o Gil Vicente a aumentarem a expectativa para sábado.

O que vai acontecer no dérbi?

Se isto não é digno de filme, se isto não é uma história grandiosa de uma época e da paixão do Dérbi Eterno, se o futebol português não a consegue vender cá e lá fora, então, meus caros, I rest my case, não sei mais o que é preciso.

No sábado seremos uns privilegiados. Assistiremos à epítome da essência de competir, entre os altos e os baixos, os momentos de tensão, de alegria e tristeza do percurso. Condimentos que alimentam qualquer adepto do mundo, até neutros, tivesse este futebol de cá abertura e capacidade de mostrar ao mundo o melhor que tem.

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