Benfica segue líder. Mas deve meditar...

OPINIÃO17.02.202003:00

A derrota caseira com o SC Braga correspondeu ao quinto jogo consecutivo de produção insuficiente do Benfica. Não foi, pois, um caso isolado, qual andorinha que não faz a primavera, neste inverno do descontentamento encarnado. Aliás, coube a Rúben Amorim, nome prestigiado da história benfiquista do século XXI, a honra de vencer, como treinador, pela primeira vez, na Luz, ao serviço do SC Braga. O único sucesso, até ao passado sábado, dos arsenalistas em casa do Benfica ocorrera na distante época de 1954/1955 (ano em que o título foi para os encarnados devido ao famoso golo do sportinguista Martins, que tirou o primeiro lugar ao Belenenses no último minuto da última jornada do campeonato),  no Estádio Nacional. Esse sucesso minhoto, também por 1-0, foi materializado por Mário Imbelloni que, tal como o marcador do golo da vitória no último sábado, Palhinha, teve ligação ao... Sporting.

Feita esta deriva histórica, centremo-nos no black out do Benfica, que passou a liderar a Liga sem margem de erro face ao FC Porto. Há razões estruturais, conjunturais e circunstanciais que podem explicar este apagamento. As questões  circunstanciais, no que concerne à derrota com o SC Braga, podem acontecer a qualquer um e a qualquer momento, e têm a ver com a falta de eficácia. Tivesse o Benfica aproveitado melhor as ocasiões de golo de que dispôs  (como tem sido, aliás, a sua imagem de marca) e outro galo por certo cantaria, mascarando, quiçá, as razões conjunturais desta revisão em baixa. E estas prendem-se com a forma deficiente de algumas unidades nucleares dos encarnados: além da falta que faz André Almeida, Ferro, Grimaldo, Pizzi e Rafa não têm atravessado um bom período e isso tem reflexos óbvios no rendimento do coletivo, quer na construção de jogo, quer na coesão defensiva. Finalmente, e quiçá mais difícil de resolver sem Gabriel, surge a responsabilidade colocada sobre os ombros de Adel Taarabt de pautar o jogo da equipa e definir os seus tempos. O marroquino, vibrante e voluntarioso, não tem condições para cumprir esta missão cerebral e fria (que Pizzi, por exemplo, levou a cabo muito bem no tempo de Jorge Jesus) e a forma anárquica como interpreta a função torna ingovernável a nau encarnada.
A solução deste puzzle está com Bruno Lage, o dono das peças.