Benfica está a adiar regresso ao futuro

OPINIÃO21.02.202205:30

Rui Costa deve criar, de imediato, condições que garantam que o futebol do Benfica deixe de ser a criatura híbrida e sem futuro que está à vista...

ENTRE 4 de agosto e 29 de setembro, o Benfica viveu 56 dias gloriosos, traduzidos na entrada na fase de grupos da Champions, e de ter, ainda, aplicado um histórico 3-0 ao Barcelona, na Luz; ao mesmo tempo, a equipa então orientada por Jorge Jesus liderava a Liga portuguesa com sete vitórias em sete jogos. Neste período, na liderança do clube, estava Rui Costa, numa espécie de interinidade à espera da realização de novo ato eleitoral. Porém, a partir de 3 de outubro, em vésperas de eleições (realizadas a 9 desse mês), o comportamento da equipa de Jesus passou da excelência à irregularidade, perdendo pontos contra adversários acessíveis (Portimonense e Estoril) e assinando algumas exibições despersonalizadas, mas conseguindo, contudo, ultrapassar o Barcelona na corrida à fase a eliminar da liga milionária.

Foi preciso esperar por 3 de dezembro, derrota devastadora com o Sporting, na Luz, para a época de Jorge Jesus se desmoronar como um castelo de cartas, essencialmente pelo efeito Flamengo e pela incapacidade de lidar com os clássicos, circunstância que lhe valeu, no Dragão, a eliminação da Taça de Portugal (23 de dezembro).

Jesus saiu com estrondo, e Veríssimo entrou de pantufas, nascendo nos benfiquistas a secreta esperança da ascensão de um Bruno Lage II. Porém, essa presunção rapidamente foi afastada, um homem é ele e as suas circunstâncias e aquela que se cruzou com Nélson Veríssimo na Luz não estava destinada ao sucesso. O Bessa, exemplo mais recente, mostrou sem margem para dúvidas uma ausência total de liderança, na altura em que a equipa mais precisava de rumo. Aqui chegados, apesar de um ou outro sucesso pontual - quiçá o Ajax, depois de amanhã - fará mal Rui Costa se não acionar, de imediato, mecanismos que apontem a um futuro que vá para lá de junho. Ou seja, será preferível - assim o escolhido esteja disponível - fazer o que Varandas fez com Amorim, ou, em 2002, o que Pinto da Costa fez com Mourinho, e dar, atempadamente, ao futebol do Benfica o rumo, a convicção e o propósito que não tem.

Sob ataque de forças diversas - a exumação do caso de Bruno Paixão, no pós-clássico, é prova evidente - Rui Costa precisa de mais assertividade na liderança, para não perder o que ainda possui de mais importante, a confiança maioritária dos benfiquistas.
 

ÁS — JOÃO FÉLIX

Grande exibição na vitória do Atlético de Madrid em Pamplona, contribuindo com um bom golo e uma assistência de luxo, para uma finalização digna de Puskás de Luis Suárez. Segue-se o duelo com o Manchester United para a Champions, que nos permite perguntar: quem vai conseguir jogar ainda pior que o outro?
 

REI — PETIT

Depois de uma primeira parte em que foi inferior ao Benfica, o Boavista deixou de ser Boavistinha e vestiu vestes de Boavistão na segunda metade, desmontando peça a peça uma máquina encarnada sem 90 minutos nas pernas (e menos ainda na cabeça). A equipa de Petit foi o espelho do seu treinador: indomável!
 

DUQUE — TRIBUNAL ARBITRAL (TAD)

O caso de Palhinha, que escapou entre os pingos da chuva a um castigo por acumulação de amarelos, fica para a história como um triste exemplo de incúria do edifício legal do futebol português. Reposta, pelo Supremo, a razão federativa, não há mais consequências, demissões, um pedido de desculpas, que seja?