Benfica a pagar o preço de Salónica
MAL o árbitro Felix Brych apitou para dar por concluído o PAOK, 2-Benfica, 1 ficou claro que, das duas uma, ou os encarnados atalhavam o prejuízo de pelo menos 40 milhões de euros e colocavam algumas anéis no mercado, ou apostavam numa senda aventureira e arriscavam-se, num futuro próximo, a perder os dedos.
Optaram, e bem, os dirigentes benfiquistas, pela via da responsabilidade e ninguém estranhará, por certo, que a Rúben Dias venha a juntar-se na zona de partidas do aeroporto de Lisboa, por exemplo, Carlos Vinícius e não só...
Depois de muito se ter falado dos gastos faraónicos do Benfica de Jorge Jesus, não ficaria surpreendido se, no fecho do mercado, se verificasse um equilíbrio entre gastos e proventos.
Virá Otamendi para a Luz - e sem problemas físicos a dupla que fará com Vertonghen dá todas as garantias a JJ - e ainda um outro central pedido pelo treinador (Rúben Semedo?), ao mesmo tempo que a pista flamenguista, com Gerson e Bruno Henrique no topo da lista de desejos, não deverá ser abandonada.
Em período pré-eleitoral, a revolução em curso no plantel encarnado deverá dotar Jorge Jesus de soluções à medida das suas exigências, o que será sempre uma boa notícia para o presidente-candidato. E, se noutras ocasiões a navegação à vista de Luís Filipe Vieira lhe mereceu justíssimas críticas, desta feita, ao manter os pés bem assentes no chão, marcou pontos na coluna da credibilidade.
Ao manter o investimento no Seixal - que só é possível pelas vendas dos direitos desportivos dos jogadores mais talentosos - e, ao mesmo tempo, abandonando a utopia de ter uma equipa de prata da casa capaz de lutar de igual para igual com os maiores clubes europeus, o Benfica passa a ter condições para, a cada época, ser altamente competitivo.
Tenho procurado demonstrar, de há vários anos a esta parte, a falácia do argumento das apostas em equipas de futuro. Ao mais alto nível da competição só vinga quem tiver equipas de presente. E, no caso dos clubes portugueses, sempre vulneráveis às investidas dos emblemas mais ricos, nem se coloca a possibilidade de fazer crescer os coletivos, porque na primeira oportunidade a necessidade fala mais alto e os melhores jogadores vão para outras paragens.