Benfica à beira de um ataque de nervos
A bicada do galo colocou a águia,que não tem condições de passar incólume a uma nova ausência da Champions, no fio da navalha...
O triunfo do Gil Vicente na Luz, mais pela forma autoritária como foi conseguido, do que pelos três pontos que viajaram para Barcelos, permitiu mais algum desafogo aos minhotos e devolveu o Benfica aos braços de uma crise que se pensava ultrapassada.
Numa semana em que Jorge Jesus dispôs de todos os seus efetivos para trabalhar, após um triunfo enfático contra a equipa revelação da época (uma manita sem espinhas em Paços de Ferreira), num contexto Covid free e com a expectativa de poder ainda sonhar (remotamente, é certo) com a conquista do título, o Benfica recuou no tempo e exibiu-se ao nível que andou a fazer, por exemplo, com o Boavista ou com o Nacional.
Como explicar o espaço desmesurado entre setores, a desinspiração de Rafa, a ausência de Waldschmidt e Grimaldo, a ineficácia de Seferovic, o cansaço de Lucas Veríssimo, a irregularidade de Taarabt ou, mesmo, a deficiente leitura da situação de Jorge Jesus? Foi com muita dificuldade que o Benfica subiu a pulso a corda da recuperação exibicional e ganhou consistência e confiança. Mas bastou um ápice para regressar à casa de partida, onde moram todas as dúvidas, a maior das quais é, sem dúvida, a entrada na Liga dos Campeões da próxima temporada.
Com 2024 - e todas as mudanças anunciadas nos quadros competitivos da UEFA - cada vez mais perto, quem ficar para trás arrisca-se a sofrer danos de grande dimensão, não só pelo que deixa de fazer, mas sobretudo pelo que permite realizar aos rivais.
Para o Benfica, a quem era permitido olhar para cima e ver esperança - de ultrapassar o FC Porto e, quem sabe, de ainda superar o Sporting - o que o Gil Vicente obrigou foi a que passasse a olhar para baixo, sentindo que o SC Braga está a dois pontos e que nem mesmo a terceira posição pode ser dada como certa.
Sejamos absolutamente claros: num contexto de vacas magras provocado pela pandemia, que se agravará com o mercado esquálido que se aproxima, para o Benfica, falhar o acesso à próxima Champions, depois de ter ficado fora, às mãos do PAOK, da edição de 2020/2021, será uma catástrofe financeira e desportiva que não deixará de abalar os alicerces do clube. A bicada do galo pode ter aberto a caixa de Pandora...
ÁS – RONALD KOEMAN
O holandês, depois de um início de campanha penoso no Barcelona, venceu a Taça do Rei, ainda luta por La Liga, e já com Joan Laporta ao leme do clube, encontra, pela primeira vez, alguma estabilidade, que lhe permite pensar, até, na próxima época. Com Messi, ou sem Messi? Essa é a pergunta de muitos milhões.
ÁS – RICARDO SOARES
Uma vitória na Luz, quando se treina uma equipa que luta pela manutenção, enriquece o currículo de qualquer técnico. Mas há ganhar e ganhar, e a vitória do Gil Vicente foi justa, limpinha, limpinha, e muitas vezes com uma incontornável nota artística. Uma tarde que Ricardo Soares jamais esquecerá...
DUQUE – ANTÓNIO COSTA
A partir de hoje é possível ir a centros comerciais, ao cinema, ao teatro, a espetáculos musicais, a celebrações religiosas e manifestações políticas. No fundo, é possível retomar alguma normalidade em todas as áreas menos no desporto, onde estádios e pavilhões continuam a ser zonas proibidas. Porquê?