Belo banco, Seleção!

OPINIÃO20.03.201900:24

A Seleção começa a qualificação para o atípico Euro-2020 (será disputado em 12 cidades), onde tentará defender o título conquistado em 2016. Ucrânia e Sérvia são os primeiros adversários, ambos na Luz, porventura os mais difíceis. Escusado será dizer que convém ganhar os dois jogos para se dar já um golpe de autoridade e mostrar quem manda. Portugal fará os oito jogos da qualificação até 17 novembro (último jogo é no Luxemburgo) e todos estamos à espera que o campeão europeu defenda o título no ano que vem. Lembro que desde as inesquecíveis defesas de Rui Patrício e do mágico golo de Éder no Stade de France, Portugal caiu na meia-final da Taça das Confederações na Rússia (eliminado pelo Chile no desempate por penáltis) e teve um desempenho dececionante no Mundial, que podíamos resumir a uma extraordinária exibição de Cristiano com a Espanha (três golos, 3-3) - seguiram-se duas exibições cinzentas com Marrocos e Irão antes da queda nos oitavos de final aos pés do matador uruguaio Cavani. A viver uma fase excitante de lançamento e afirmação de jovens valores - veja-se quantos miúdos com enorme potencial  despontaram desde a final do Euro-2016 !.... - o futebol português olha para Fernando Santos com redobrada ansiedade. A Seleção é a única equipa portuguesa capaz de se bater de olhos nos olhos com a nata do futebol europeu e mundial e parece que tem, neste momento, matéria prima suficiente para, sem prejuízo dos necessários equilíbrios, jogar um futebol mais assertivo, ousado e aventureiro do que aquele que tem sido a marca digital da era Santos. Resumindo, numa frase: jogue quem jogar de inicio, o engenheiro terá sempre à disposição um banco de luxo como há muito não se via na equipa nacional. Basta pensar que campeões europeus como Cédric, Renato e André Gomes não foram convocados (já nem falo de Nani), tal como Gelson Martins, Rony Lopes, Dalot, Ricardo Pereira, Bruma e essa fantástica promessa chamada Rafael Leão, que é bem capaz de vir a ser o futuro 9 da Seleção.


Na convocatória temos dez campeões europeus de França, o que assegura não só uma certa e necessária continuidade, mas também o traquejo e estofo indispensáveis numa Seleção com pretensões de lutar por títulos - a conquista da Liga das Nações, em junho, é um objetivo óbvio. As chamadas do talentoso João Félix e do veloz Diogo Jota, assim como do mais maduro Dyego Sousa, além de justas, mostram que o eng. Santos, sem deixar cair os seus (as presenças de João Mário, Guedes e André Silva confirmam-no), vai continuar a renovar e a injetar sangue fresco e irreverência numa Seleção ainda muito dependente da aura e poder decisório de Cristiano.