Belenenses: nada a ver com a B-SAD

OPINIÃO06.07.202004:00

O Clube de Futebol Os Belenenses vendeu a participação de dez por cento de que era detentor na B-SAD, cortando assim todas as amarras que o ligavam à sociedade desportiva que compete na Liga. Daqui em diante, muitas questões jurídicas serão levantadas, mas, no fim do dia, o Tribunal decidirá e fará jurisprudência. Não irei aqui cuidar de matéria que os doutos juízes tratarão de esclarecer, em tempo útil. Mas devem ser relevados alguns pontos de enorme relevância. Dois anos depois da saída da B-SAD do Restelo, e com o Belenenses a fazer o caminho das pedras, subindo degrau a degrau a escadaria que há de levá-lo, de novo, ao convívio com os grandes, onde pertence, é de registar a determinação dos sócios, que não hesitaram em dar este passo decisivo que foi a alienação dos dez por cento da SAD, que estava na posse do Belém. Há muita convicção no Restelo, em relação ao que é desejado para o clube; mas haverá uma determinação ainda maior quanto ao que é absolutamente rejeitado…

Depois, sabendo-se que quem comprou os dez por cento, pelo preço simbólico de mil euros, é Ricardo Sá Fernandes, ex-governante na área fiscal (!!!), jurista de fina estirpe, habituado a litigar ao mais alto nível e conhecedor minucioso dos direitos que lhe assistem enquanto dono de dez por cento do B-SAD, é de aguardar com expectativa redobrada as cenas dos próximos episódios.

Belenenses à parte, têm-se multiplicado, em Portugal, os conflitos entre os clubes originais e as SAD adquiridas por terceiros, o que me leva a pensar se a forma legal encontrada será a que melhor defende os clubes, reféns, muitas vezes, de decisões precipitadas em momentos de aperto, que provocam danos irreparáveis.

FÁBIO PAIM vai ter nova oportunidade de endireitar a vida. A BOLA - magnífica reportagem no jornal e em ABOLA TV, da Irene Palma - criou o pretexto e o Sporting, através do seu presidente, esteve à altura das circunstâncias. Não é esta a primeira vez que há movimentos para auxiliar Paim a reentrar nos trilhos (e o Sindicato dos Jogadores fez a sua parte), e é bom que o antigo jogador perceba que não tem muitos mais  cartuchos para disparar. Se os grandes futebolistas fossem feitos só de talento, Fábio não estaria onde está. Mas como é preciso mais...