As minudências

Há dias assim. Olhamos à nossa volta e só encontramos deserto. Não aquele deserto que, um certo dia, um ministro patusco viu na denominada margem sul do Tejo onde, precisamente, resido a maior parte do ano e onde, por exemplo, se encontram montados os centros de treino quer do Sporting Clube de Portugal (Alcochete) quer do Sport Lisboa e Benfica (Seixal) e também - ao que se diz - onde será construído o novo aeroporto.

Refiro-me, em concreto, ao tal deserto de ideias que, normalmente, faz a sua aparição no período de férias estivais em que o sol, a praia e o mar constituem a combinação perfeita para nada se fazer. É verdade - e há que dar a mão à palmatória - que se fizermos um pequeno esforço lá acabamos por encontrar qualquer coisa actual que merece a nossa melhor atenção como, por exemplo, os sacramentais incêndios, as golas caricatas, a extraordinária questão da igualdade do género, a inacreditável greve dos motoristas, o Verão que ainda não surgiu, a brutal diminuição da população escolar e o aumento de número de professores (?) ou a prometida cobertura de 97 % da população por médico de família. Tínhamos aqui matéria para discutir toda a semana e, mesmo assim, tenho dúvidas se não seriam necessários mais uns dias ou mesmo semanas.

O que acontece, e temos de o aceitar, é que este espaço é, em princípio, um espaço de actualidade desportiva em que a minha qualidade de sportinguista deve prevalecer. E nesse particular, não faltará matéria leonina para incluir na crónica, muito embora tenha de reconhecer que, aqui e ali, umas referências ao novo Flamengo de Jorge Jesus, à situação de “desemprego” de José Mourinho, à nova finta do João Felix ou ao “folhetim” Danilo/Sérgio Conceição também não ficassem mal. Seja como for, o interessante é fazer notar que, desde há algum tempo, os leões deixaram de ser notícia pelas piores razões, circunstância que acaba por enervar alguns observadores do fenómeno desportivo em Portugal, habituados como estavam a ver o Sporting “nas bocas do mundo”.

Se a novela Bruno Fernandes tem sido tratada com muita discrição, também é bom verificar que a resolução das questões respeitantes ao mundo leonino são tratadas intramuros, sem necessidade de andarem a apregoar aos sete ventos o que quer que seja. Com os problemas que tem para resolver internamente, não há que perder um minuto que seja com minudências sem interesse ou importância, que nada digam aos interesses do Clube de Alvalade. Essa a grande diferença. É bom não esquecer.