As eleições do Sporting
São, já, cinco os candidatos assumidos na corrida à presidência do Sporting - Frederico Varandas, Pedro Madeira Rodrigues, Zeferino Boal, Dias Ferreira e Fernando Tavares Pereira -, a que devemos juntar mais dois nomes que decidiram avançar mesmo sabendo que o mais provável é não poderem apresentar-se a votos (chamemos-lhes apenas candidatos a candidatos): Bruno de Carvalho e Carlos Vieira, os dois principais rostos do caos em que mergulhou o clube de Alvalade nos últimos meses. É muito provável que mais alguns apareçam. E é pouco provável que todos cheguem ao fim da corrida. Olhando para o cenário atual, e embora todos os sete me mereçam respeito (mesmo que uns mais do que outros), há, destes sete, quatro com que gostaria de perder um pouco mais de tempo. Por boas e más razões:
Frederico Varandas - Parece ser, de momento, o candidato com mais condições para vencer o ato eleitoral de 8 de setembro. Ter ao seu lado um nome como Rogério Alves, figura altamente respeitada no universo sportinguista, é trunfo que não se deve menosprezar. Além disso, consegue transmitir imagem de credibilidade e serenidade, porventura (em especial a segunda) as características que os sócios do Sporting mais procuram ver no seu futuro presidente por marcar vincadíssima diferença para a instabilidade em que viveram nos últimos cinco anos. A forma como lidou com o tema Peseiro é exemplar. Se nada de extraordinário acontecer, é Varandas o candidato mais forte.
Pedro Madeira Rodrigues - Ao contrário de Frederico Varandas, parece incapaz de transmitir imagem de serenidade e segurança e talvez isso se faça sentir na hora dos resultados. Tem, ainda assim, o mérito de ter sido o único com coragem para enfrentar Bruno de Carvalho quando o então presidente do Sporting era o senhor todo-poderoso do clube e poucos (muito poucos) se atreviam a dizer uma palavra contra ele. Perdeu. Perdeu por muitos. Mas esteve lá. E só por isso merece ir a votos no dia 8 de setembro, mesmo que para perceber que, independentemente dos nomes mais ou menos sonantes que apresente para treinador - Claudio Ranieiri foi, até o próprio Madeira Rodrigues já o deve ter percebido, uma precipitação imperdoável -, nunca terá o perfil necessário para convencer os sócios a colocarem-no na que seria a sua cadeira de sonho.
Carlos Vieira - Membro resistente do Conselho Diretivo destituído na AG de 23 de junho, aquele que foi o braço-direito de Bruno de Carvalho surge agora como candidato, enfrentando até o homem que sempre mostrou apoiar de forma incondicional. Admite-se o argumento apresentado por Carlos Vieira de que o cartão vermelho mostrado pelos sócios foi para Bruno de Carvalho e não para os que o acompanhavam. É uma forma de ver as coisas. Mas a verdade é que ainda hoje admite que muitas das absurdas medidas tomadas na fase mais conturbada da presidência de Bruno de Carvalho se justificavam e tiveram, até, a sua concordância - não podia, de facto, dizer outra coisa, caso contrário seria complicado explicar porque também ele só de lá saiu empurrado. Mas como já escrevi, aqueles que mantiveram, com o seu apoio, BdC na presidência seriam, mais tarde ou mais cedo, também eles chamados à pedra. É o que acontecerá a Carlos Vieira, consiga ou não ir mesmo às eleições.
Bruno de Carvalho - Fica, propositadamente, para último. Depois de ter dito que se perdesse a AG de 23 de junho se afastaria; depois de ter dito que deixava de ser sportinguista; depois de ter dito que já não dava para mais... ei-lo (obviamente) candidato. Bruno de Carvalho pode dizer que mudou, que aprendeu com os erros, mas basta ver as imagens do comício que transformou em conferência de imprensa de lançamento de candidatura para perceber que é só conversa. Porque Bruno nunca mudará. E não há óculos, de que se costuma socorrer quando quer dar uma de superioridade intelectual, que escondam o que dizem, verdadeiramente, os seus olhos.