As curvas e as retas antes da meta

OPINIÃO24.04.202107:00

O FC Porto é quem tem a agenda menos sobrecarregada. O Benfica, mesmo não sendo campeão, poderá decidir o campeonato

C OMPETITIVO como poucos — assim se pode, desde já, caracterizar este estranho campeonato Covid. Competitivo na luta pelo título, na luta pelo último lugar do pódio, que, este ano, pode dar acesso, por via indireta, à Champions, competitivo na luta pelos lugares europeus e, por fim, competitivo na guerra das descidas. E, tudo indica, assim será até à última gota da prova.
A seis jornadas do fim, resume-se a Sporting e FC Porto a dúvida sobre o campeão nacional. Porém, e curiosamente, poderá ser o Benfica quem vai decidir qual dos dois chegará, primeiro, à meta. Ironias do destino... 

S PORTING perdeu seis pontos nas últimas quatro jornadas e não garante a consistência necessária para enfrentar este final de corrida, ainda com algumas curvas, antes da reta final. Tudo dependerá, estou certo, deste próximo jogo em Braga. Para a equipa de Rúben Amorim é a final decisiva. Ou ganha e volta a ter o direito a ser considerado como o grande candidato ao título, até porque terá apenas o jogo da Luz como grande obstáculo, ou volta a perder pontos (dois ou três) que o colocarão ao alcance de um FC Porto que se tem alimentado, e bem, desta consistente proximidade.
 

Rúben Amorim quer segurar liderança

F C PORTO é, pois, a equipa com mais saúde psicológica. Tem vindo, paulatinamente, a reduzir uma distância que se chegou a pensar inalcançável, está a quatro pontos da liderança e tem, nas últimas seis jornadas, um único jogo de alto risco, o jogo da Luz, com o Benfica. É verdade que depende do Sporting, porque pode ganhar os jogos todos e, mesmo assim, não chegar, mas diz-nos a experiência que, nesta fase do campeonato, a atitude mental e a boa saúde psicológica tornam-se absolutamente essenciais para se alcançarem os objetivos mais difíceis. Mesmo quando, como acontece agora, o desgaste físico faça disparar alguns sinais de alarme. 

B ENFICA tem como um sonho improvável ainda chegar ao segundo lugar da prova e como objetivo mais terreno consolidar o último lugar do pódio. No entanto, a luta pelo título irá passar pela Luz. O Benfica recebe o Sporting e o FC Porto e desses resultados se farão as contas finais e, muito provavelmente, decisivas para o apuramento do campeão. Será sempre uma ironia do destino que o Benfica se veja na obrigação de escolher, entre os seus dois maiores rivais, qual deles será o vencedor da prova.
Sem sondagem em que me sustente, apenas pelo que vou ouvindo aos benfiquistas, se fosse por votos, eles preferiam que, este ano, o Sporting fosse o vencedor. Eu bem sei que é arriscado dizê-lo, mas é uma fundada perceção.

S C BRAGA também terá neste jogo, com o Sporting, o seu momento decisivo. Se ganhar, pode e deve manter, até acrescentar, esperanças em ultrapassar o Benfica. Não terá, depois, um calendário demasiado complicado: Gil Vicente, Marítimo e Portimonense, fora; Moreirense e Paços de Ferreira, em casa. 
Aliás, em matéria de calendário destas últimas seis jornadas, o FC Porto será, teoricamente, o menos pressionado e o Benfica, ainda com FC Porto e Sporting pela frente, o de missão mais difícil.
Por fim, a intrépida luta pela manutenção. O Nacional parece quase condenado, mas, acima dele, muitas são as lapas que se agarram à rocha. Impossível prever. Tudo dependerá de competência, estrutura mental e, até, sorte.
 

FLORENTINO QUER SALVAR O FUTEBOL

O rápido e impiedoso desmoronamento da Superliga europeia humilhou Florentino Pérez, o poderoso e presunçoso presidente do Real Madrid. Todos os outros foram conseguindo sair, sem se fazerem notar, pelas portas dos fundos. Florentino ficou, impante e desafiador. Garante que apenas pretendia salvar o futebol. Como um Luis XIV do século XXI, ele assume-se como um rei sol e declara: o futebol sou eu. É, pois, esse seu futebol que Florentino quer salvar, mesmo que, para isso, tenha de matar o futebol de todos os outros.
 

A AMÉRICA ESTÁ DE VOLTA

Depois da caótica e perigosa administração Trump, a América está de volta ao seu lugar de influenciador de grandes desígnios universais, como o da preservação do clima e da preocupação com o ambiente. Joe Biden retoma a linha de Obama e  comanda uma cimeira de quarenta líderes mundiais. O presidente americano, dando o exemplo, já prometeu um programa ambicioso de diminuição de cinquenta por cento das emissões de carbono, até 2030. Uma declaração corajosa, com a qual conta influenciar outros grandes poluidores mundiais.