11 abril 2025, 13:38
Eleições na Liga: FC Porto e SC Braga entre os 'derrotados'
Os dois emblemas do norte votaram em José Gomes Mendes na eleição que ditou Reinaldo Teixeira como novo presidente da Liga
Mercado de Valores é o espaço de opinião semanal de Diogo Luís, antigo jogador e atual economista
Reinaldo Teixeira, recém-eleito presidente da Liga Portugal, tomou posse esta semana. Tomou posse de uma Liga em declínio e que está a perder espaço face aos seus concorrentes diretos (Bélgica e Países Baixos). Internamente o clima é turbulento. A suposta união entre todo o futebol profissional, aos dias de hoje, é uma miragem. Se estes motivos não bastassem, Reinaldo Teixeira ainda terá de lutar contra um conjunto de armadilhas que está a encontrar pelo caminho…
O processo eleitoral da Liga foi a primeira armadilha que Reinaldo teve de ultrapassar. De uma candidatura única e unânime passou a ter um oponente inesperado e que tinha o poder de decidir qual a data em que as eleições se iriam realizar. Adicionalmente, ao longo do processo eleitoral, Reinaldo Teixeira foi alvo de ataques pessoais e tentativas de descredibilização. A mensagem que tentaram passar era que as eleições estavam muito renhidas e o resultado final iria ser muito próximo. No final, o atual presidente da Liga deu a melhor resposta com uma vitória suportada em 42 votos a favor e apenas 10 para o seu opositor. Em termos percentuais, Reinaldo Teixeira foi eleito com 81% dos votos totais.
Reinaldo Teixeira herda uma Liga desunida, com pouca credibilidade e onde a competitividade é cada vez mais reduzida. O seu mandato é de dois anos, uma vez que estas foram eleições intercalares. Ninguém tem dúvidas que este mandato, que começou com Pedro Proença há dois anos, é um dos mais importantes tendo em conta o futuro que podemos vir a seguir no futebol profissional. Então o que se impunha?
Numa primeira fase, conforme tenho vindo a escrever, impunha-se estabilidade, compromisso e responsabilidade, algo que Pedro Proença não teve. Porquê? Porque colocou a sua ambição pessoal à frente do interesse do futebol nacional. Se já condeno a forma como Pedro Proença pensou mais em si do que no compromisso que deveria ter com a importância do mandato que tinha pela frente na Liga Portugal, o que posso dizer sobre a transição de 40 funcionários da Liga para a FPF? Será que Pedro Proença está a pensar no interesse do futebol nacional ou nos seus interesses pessoais? Depois de ter deixado a meio, por ambições pessoais, o mandato mais importante da Liga Portugal, o que poderíamos exigir a Pedro Proença? No mínimo, deveríamos pedir bom senso, compromisso e solidariedade por quem o sucede na Liga Portugal.
Por muito que pense, não consigo perceber esta postura por parte de Pedro Proença. De uma forma muito simples explico o meu raciocínio. Reinaldo Teixeira acaba de chegar à presidência da Liga Portugal. Tem dois anos de mandato efetivo. Tem de pegar e gerir dossiers de enorme relevância para o futuro do futebol profissional. Além da dificuldade da missão ainda se vê confrontado com a debandada de 40 funcionários, muitos dos quais com funções fundamentais no seio da Liga Portugal.
Esta tomada de posição por parte de Pedro Proença é mais uma armadilha que Reinaldo Teixeira terá de ultrapassar. Com o barco em andamento, e numa altura de grande exigência, Reinaldo Teixeira tem a difícil missão de ter de criar uma equipa do zero com as skills ideais, de os integrar e adaptar a uma realidade diferente (futebol) e, em simultâneo, tentar criar um clima mais sereno e desenvolver dossiers que são fundamentais para o futuro do futebol nacional.
11 abril 2025, 13:38
Os dois emblemas do norte votaram em José Gomes Mendes na eleição que ditou Reinaldo Teixeira como novo presidente da Liga
O discurso da tomada de posse de Reinaldo Teixeira expôs muito daquilo que foi feito ou não foi feito nos últimos anos. Citações como «a realidade é crua e pede urgência» ou «as narrativas não podem sobrepor-se à realidade» vão ao encontro daquilo que durante anos nos quiseram fazer acreditar. Numa primeira análise parece que, finalmente, temos um presidente da Liga que não quer viver na ilusão, mas sim na realidade.
No seu discurso teve a coragem de abordar o tema que irá ter uma importância vital para o futuro do futebol profissional. Ao referir que «hoje, dia 16 de abril de 2025, a Liga não tem nenhuma proposta de aquisição de direitos na mão. Hoje, a 16 de abril de 2025, a Liga não tem, ainda, uma chave de repartição futura aprovada pelas Sociedades Desportivas. É este o nosso ponto de partida». Estas declarações deixaram-me confuso. Ora, este não era o ponto de partida quando, em 2021, o estado aprovou o decreto-lei onde ficou estabelecido que a partir de 2028/29 os direitos de transmissão de TV dos campeonatos profissionais seriam objeto de venda centralizada? Em quatro anos não existiram desenvolvimentos substanciais nesta matéria?
Reinaldo Teixeira vincou ainda o seguinte: «Temos de sair rapidamente dos estudos e ir falar com o mercado.» Aqui volto a ficar perplexo! A anterior Direção não estava a falar com o mercado? Por fim, não posso deixar passar a diferença de tratamento que o recém presidente da Liga Portugal está a ter relativamente a este tema, ao referir «as avaliações à nossa Liga podem ficar aquém do esperado». Realidade em detrimento da ficção!
Nas últimas semanas surgiram notícias de um interesse da FPF em arrendar um piso completo na nova sede da Liga Portugal. Este desejo deixa-me algumas questões: com instalações incríveis na Cidade do Futebol, por que motivo a FPF pretende arrendar um piso inteiro no Porto? Será que, depois de ter deixado a presidência da Liga Portugal, Pedro Proença pretende controlar ou condicionar a Liga?
Aparentemente foi estabelecido um acordo entre a FPF e a Liga Portugal para que este arrendamento fosse uma realidade. Contudo, quem tratou desse processo foi Helena Pires que, por sinal, está de saída para a FPF! Acredito que toda esta situação, e a forma como o processo foi desenvolvido, tenha deixado Reinaldo Teixeira desconfortável. Parece-me que o único caminho a seguir pelo atual presidente da Liga Portugal será o de colocar a decisão de concretizar este acordo nas mãos dos clubes.
Grande jogo de futebol, com muita emoção, adrenalina e fair-play. Mereciam passar os dois!
Aos 17 anos já é uma das grandes figuras da nossa Liga.