Ao terceiro ano ressuscitou!...

OPINIÃO11.09.202107:00

Varandas apostou a cave em Rúben Amorim e tenho de dar mérito a essa aposta, não arriscada, mas arriscadíssima

FEZ três anos que se realizaram as eleições do Sporting Clube de Portugal, das quais saiu vencedor Frederico Varandas. Como se sabe, participei nessas eleições, mas delas saí amplamente derrotado e plenamente convicto de que o meu tempo para exercer as funções de presidente do Sporting tinha acabado. Convicção que então expressamente declarei e que me não tenho cansado de repetir.
O meu tempo de observação, análise e de critica, porém, não acabou, sendo mesmo minha obrigação de consciência, dar opinião sobre aquilo com que concordo e com que não concordo. É um direito fundamental e constitucional de que não abdico e mal andarei eu quando a vida do Sporting Clube de Portugal me for completamente indiferente. Sinto aliás que tenho autoridade moral para o fazer, porque em todos os momentos que foram necessários, mal ou bem, não deixei de dar a cara pelo meu clube. Há quem não goste, mas é tarde para mudar.
Da minha observação, análise e crítica do mandato de Frederico Varandas não retiro uma linha nem me arrependo de nada do que disse.
Tal como dizem agora alguns comentadores, ninguém poderia pensar que este terceiro ano seria de um enorme sucesso, com o qual me congratulo, como não poderia deixar de ser, e não tive qualquer dúvida, na noite da vitória do campeonato nacional, as minhas primeiras palavras, designadamente, os meus parabéns, terem sido dirigidos ao presidente Frederico Varandas.
Vou mais longe na minha apreciação sobre este terceiro ano de mandato: quando me candidatei, com as minhas ideias, com o meu programa e com a minha equipa, não me passava pela cabeça que, se vencesse, poderia ter no terceiro ano tamanho sucesso desportivo.
E com a mesma sinceridade com que digo isto, foi com a mesma sinceridade e frontalidade que critiquei o que entendi dever criticar e nunca estive só nessas críticas, pese embora alguns terem silenciado estratégica e oportunisticamente essas mesmas críticas. Por isso, escrevi acima que não me arrependo.
Aliás, muitas dessas críticas mantenho-as, mas deixei-as de lado, porque na luta pelo sucesso desportivo na época de 2020/2021 importava uma frente comum para enfrentar os adversários, não raramente com atitudes de inimigos. E continuam!...
E faço-o com gosto, porque o meu tempo de luta não acabou, nem vai acabar tão cedo, se Deus me der vida e saúde! Não acabou, nem acabará nunca, o tempo para defender os princípios e valores em que acredito.
Galvaniza-me o projecto desportivo do futebol em curso, que considero ser o único em Portugal digno desse nome, que assenta na formação - justamente premiada internacionalmente - mas não só, e que importa sustentar com um projecto económico-financeiro forte e defender com garras de leão!
Sempre defendi que a principal figura de um projecto para o futebol tem de assentar no treinador. Varandas apostou a cave em Rúben Amorim e tenho de dar mérito a essa aposta, não arriscada, mas arriscadíssima, para ele próprio no momento em que a fez. Eu nem conhecia Rúben Amorim enquanto treinador e agora vejo que ele preenche os requisitos que teoricamente encaixam no perfil do técnico leader de um projecto!
Hoje há um jogo importante e na quarta-feira outro e para a Liga dos Campeões. Tempo importante neste início de quarto ano de mandato e de época desportiva. Acreditamos no sucesso desportivo, isto é, na vitória. Mas ao ouvir, como de costume, a conferencia de Rúben Amorim acredito acima de tudo no caminho que estamos a seguir.
Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia. O futebol do Sporting ressuscitou ao terceiro ano!
 

Frederico Varandas apostou em Rúben Amorim para treinador e o risco compensou com uma época de tremendo sucesso

JORGE SAMPAIO E JORGE SOUSA

OJorge Sampaio, que eu conheci e com quem convivi desde os anos setenta, não se incomodaria nada - mas mesmo nada -  que eu misture, na minha homenagem, dois grandes leões que faleceram ontem:  ele próprio, um ex-Presidente da República, e Jorge de Sousa, um simples sócio e dedicado funcionário do Sporting Clube de Portugal, clube também da devoção de Jorge Sampaio, que aliás sempre a assumiu! Curiosamente, dois Jorges; um Sampaio e o outro Sousa Jorge de Sousa foi durante muitos e muitos anos um dedicado colaborador do Sporting Clube de Portugal, designadamente, no que ao andebol diz respeito, e todos os privaram com ele, como é o meu caso, sempre tivemos por ele estima e consideração. Paz a sua alma e a minha gratidão pelos serviços prestados ao nosso clube
Jorge Sampaio foi um homem que excedeu em muito a dimensão de sportinguista, projectando-se ao nível nacional e internacional, em muitas e diversas áreas que me dispenso de enunciar por serem do conhecimento geral. Foi Presidente da República e Presidente de todos os portugueses, o que não é propriamente uma redundância, mas um aspecto importante da personalidade de um Chefe de Estado.
Jorge Sampaio foi um estudante universitário da geração das minhas irmãs, que sempre o admiraram pela sua postura nas lutas académicas. Ouvia falar bem dele ainda era um adolescente, como ouviria mais tarde falar dele o meu Pai, que a ele se referia como um excelente advogado a quem augurava uma excelente carreira, o que, de resto, se veio a confirmar. Por isso, sempre admirei a sua figura, que aliás vinha do meu tempo de estudante da Faculdade de Direito de Lisboa, onde fui presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, cargo que ele também exercera nos seus tempos de estudante a que acima me referi.
Conheci-o pessoalmente, como disse, nos anos setenta, através de Miguel Galvão Teles e Jorge Fagundes, outros dois brilhantes advogados e notáveis sportinguistas, por quem sempre nutri uma grande amizade e de quem recebi ensinamentos úteis para a minha vida pessoal e profissional. Juntámo-nos, com outros advogados, no Gabinete Jurídico do Sporting, de que Jorge Fagundes era o líder, e a partir daí sempre tive uma excelente relação. Nunca deixou de me tratar por tu - o que para mim foi uma honra - mas nunca o consegui tratar por tu a partir do momento em que foi Presidente de Portugal, não obstante ele me dar permissão para o fazer, e quase o exigir. Mas por uma simples razão o não fazia: a primeira coisa que eu sinto pelos meus amigos é respeito, e, por isso, foi com grande naturalidade que o juntei ao respeito institucional. Este não diminui a amizade, antes a valoriza.
Independentemente da minha grande admiração por Mário Soares (de quem tenho cada vez mais saudades), Jorge Sampaio teve grande influência na minha passagem pelo Partido Socialista, do qual saí quando ele também já estava para deixar de ser o Secretário-Geral. As razões por que o fiz, e que ele sempre fez questão de me lembrar, partiram com ele e partirão um dia comigo!...
Hoje Jorge, com muita tristeza, volto a tratar-te por tu, para desejar que a tua alma se encontre em paz, porque a tua consciência já estava tranquila. Nem sempre estivemos de acordo em muita coisa. Mas numa coisa, sempre convergimos: no amor ao Sporting!