Antes do crepúsculo dos Deuses...
Marquinhos foi oportuno ao afirmar que «Messi não é argentino e CR7 não é português. Eles vão para além disso. São um privilégio para o futebol»
ULTRAPASSADO, sem brilho e também sem danos, o primeiro obstáculo no Campeonato do Mundo, Portugal vira agora agulha para o Uruguai, país de futebol por excelência, com uma matriz de jogo - que desde o Maracanazo de 1950 não conhece a palavra impossível -, feita, em partes iguais, de técnica e querer.
É grande o desafio que se coloca à equipa de todos nós, momento certo para recorrer à sua melhor versão, aquela que trata bem a bola sem perder rigor defensivo, e é capaz de soltar os mágicos sem despir o fato-macaco.
Sabe-se já que Danilo, a contas com três costelas fraturadas, está KO, antevendo-se como provável o regresso de Pepe, assim tenha condição para se bater com as correrias de Darwin Núñez. O que só uma hora antes do jogo se saberá é se João Cancelo, que está em baixo de forma (e não é de hoje, o mal já tem pelo menos mês e meio) irá ceder o lugar a Diogo Dalot e se William Carvalho, lúcido, esclarecido e forte nos minutos que teve ante o Gana, saltará a jogo no lugar que foi de Rúben Neves, não sendo de afastar liminarmente a possibilidade de atuarem em simultâneo. O meio-campo do Uruguai, onde manda Bettencourt e carrega o piano Fede Valverde, é de nível mundial e deve ser contrariado, não só com capacidade atlética, mas sobretudo com imaginação, versatilidade e velocidade. Já se percebeu que o lesionado Otávio vai fazer muita falta, formulando-se votos para que Bruno Fernandes mantenha a bitola altíssima que apresentou frente ao Gana, e Bernardo Silva regresse à normalidade, após o apagão no jogo de estreia. Na frente, pese embora a assertividade de Rafael Leão, João Félix deverá manter a titularidade, não só pela capacidade que tem na concretização, mas ainda pelo apoio que dá ao miolo, setor onde toda a ajuda será bem-vinda. É curioso ver como dois jogadores que não contam muito para Simeone no Atlético de Madrid, João Félix e Antoine Griezmann, têm crescido em importância defensiva nas suas seleções...
E há Cristiano Ronaldo, capitão e líder, de quem se espera tudo, e a quem tudo se cobra na mesma proporção. Valerá a pena, a propósito, recordar o que disse ontem Marquinhos, defesa central do Brasil e capitão do PSG: «Ronaldo e Messi são tesouros que não pertencem apenas aos seus países. São um privilégio para o futebol.»
ÁS — ENZO FERNÁNDEZ
O médio que o Benfica contratou ao River Plate está a aproveitar bem a oportunidade que conquistou, para mostrar-se ao Mundo na maior montra do futebol. O golo ao México foi uma obra de arte, e o reconhecimento que teve de companheiros e media deixa no ar uma titularidade anunciada...
ÁS — WALID REGRAGUI
O selecionador de Marrocos já viu a sua equipa empatar com a Croácia, vice-campeã do Rússia-18, e vencer os terceiros desse mesmo Mundial, a Bélgica. Nascido em França, Regragui fez a carreira de futebolista na Europa, mas representou a seleção marroquina. Como treinador, andou por África e Médio Oriente. E agora?
DUQUE — ROBERTO MARTÍNEZ
Vida difícil para a Bélgica, que depois de uma vitória anémica sobre o Canadá perdeu com Marrocos, dependendo agora de um triunfo (improvável) sobre a Croácia para não ficar pela fase de grupos. Para tornar o cenário ainda mais negro, De Bruyne e Vertonghen trocaram galhardetes a propósito da veterania dos Diabos Vermelhos.