Ainda não chega, engenheiro!

OPINIÃO08.06.202206:30

Agora, parece ter voltado a estar tudo bem, mas a verdade pode não ser bem essa

E NTRE o empate sofrido diante de uma Espanha a querer ser dominadora e a goleada a uma Suíça que não deixou praticamente erro por cometer parece existir este mundo e o outro. O bom senso diz-nos que, mais uma vez, é preciso ir além do resultado, ainda mais numa prova em que os mais fortes, mesmo que o leitor acredite em coincidências, teimam em não estar tão fortes. O pensamento que esteve na origem da Liga das Nações foi tornar os particulares mais competitivos e os seus jogos servem para preparar torneios que, esses sim, todos querem ganhar.
Em Sevilha, Portugal foi incapaz de reter a bola e tornou-se presa fácil para a pressão espanhola - Bernardo e Cancelo ficaram isolados, um sobre a meia-esquerda outro junto à linha contrária, com Otávio por dentro demasiado cedo -, foi incapaz de atrair (Guerreiro não o conseguiu, todavia Otávio ou até Cancelo, como no City, não foram tentados) para dar espaço à aceleração de Leão ou sequer de desenhar algo em ataque posicional. Pepe abusou das bolas longas, algo que faz há anos - por muito que o selecionador só agora ache ser de mais, depois de ter sido ele mesmo a dizer, em pleno Euro-2016 e com as letras todas, que Portugal tinha pudor de jogar feio - e Bruno Fernandes esteve perdido. Até a estratégia do é inevitável, a Espanha vai ter mesmo mais bola deu conforto a uma Roja diferente da que dominou o planeta de 2008 a 2012, e fez ricochete na que tem bons atores para poder rivalizar nesse aspeto com qualquer adversário.
Diante da Suíça, surgiu novamente espaço e o talento dos portugueses abriu ainda mais clareiras num dos piores jogos em muitos anos dos helvéticos em matéria de transição defensiva. Criar com espaço é mais fácil, todos o sabemos, e é por isso que agora, quando parece ter voltado a estar tudo bem, a verdade não será bem essa. O que é perigoso.